Costumo fazer uma comparação para explicar a importância de uma avenida de Porto Alegre. A Azenha é o Canal do Panamá da nossa Capital. Por ali passa boa parte da riqueza porto-alegrense e duas regiões importantes da cidade são ligadas. Ônibus, lotações, caminhões, táxis, pedestres e carros enfrentam a avenida diariamente. Claro que a Azenha está dentro de um bairro importante da Capital, mas a via é a maneira pela qual nos lembramos desta região.
A Azenha começa quando termina a Avenida João Pessoa e possui dois marcos históricos. O primeiro fica no cruzamento com a Avenida Ipiranga, na ponte com o mesmo nome, onde em 1835 foi travada uma batalha importante da Revolução Farroupilha. O outro é a Rótula do Papa, onde João Paulo II rezou uma missa em julho de 1980. Nesta ponta também fica o Olímpico, antigo estádio do Grêmio. Entre um marco histórico e outro, o trajeto é de pouco mais de dois quilômetros. Ao longo da avenida também se concentram lojas e bancos. As agências movimentam o dinheiro do comércio e, juntas, constituem-se em um importante centro financeiro da região. Somam-se a elas, bares, restaurantes, supermercados, óticas, açougues e outros.
É uma região importantíssima de Porto Alegre e deveria receber uma atenção melhor do poder público. Podem começar pelo casario histórico no entroncamento da Azenha com a Avenida Princesa Isabel. As lojas foram destruídas por um incêndio no inverno de 2017, há cinco anos. E o que sobrou, as fachadas das casas, está definhando e cercado de tapumes.
A avenida deveria ser uma via expressa, pois por ali também passam ônibus lotados de passageiros. Porém, numa de suas esquinas é possível fazer conversão à esquerda, no sentido bairro-centro. Mais precisamente na saída da Azenha para a Rua Visconde do Herval, embora essa via possa ser acessada pela avenida paralela, a Erico Verissimo. Certamente, a conversão é feita em nome do comodismo do motorista de carro, pois ali não dobra nenhum ônibus. O trânsito simplesmente para naquele ponto à espera de quem entra à esquerda.
Outro problema não menos importante, sobre o qual o poder público precisa agir, já que o bom senso não existe: pedestres se arriscam ao atravessar a rua em qualquer lugar e, inconsequentemente, param na faixa central enquanto os veículos transitam pelo local. Um erro do pedestre pode ser fatal.
A Azenha existe, está viva e merece um cuidado maior da prefeitura em nome de tudo o que representa.