
Agora que o resultado das urnas foi sacramentado — até governadores eleitos bolsonaristas, como o de Santa Catarina, Jorginho Melo (PL), já admitiram a vitória de Lula e a Justiça Eleitoral proclamou o resultado —, não há como voltar atrás na história. Não existe espaço para o recuo. É a opinião da maioria dos brasileiros. Não foi o resultado que setores importantes como parte dos caminhoneiros e do campo queriam. Mas resultado de eleição é como lei: mesmo que não se goste, se cumpre.
As urnas eletrônicas funcionaram bem, o pleito foi considerado satisfatório pela Justiça. Líderes mundiais ligaram para cumprimentar o eleito. É esperar a transição presidencial e cobrar as promessas e a responsabilidade de quem venceu. De nada adianta bloquear estradas para demonstrar insatisfação. A insatisfação deve ser exercida na forma de cobrança.
A tomada das estradas e a reação ao resultado, em que pese a desconexão com a realidade, são reveladoras sobre a situação do Brasil, caso os protagonistas da cena política não cumpram com seu papel. De um lado, ainda falta de parte daquele que é a inspiração dos bloqueios e outras manifestações fora do tom, Jair Bolsonaro, uma palavra para determinar o rumo dos movimentos. Enquanto isso não ocorre, os protestos só aumentam e até apoiadores do atual presidente ficam presos nos bloqueios. De outro lado, há uma enorme divisão de opiniões e uma grande insatisfação de parte do eleitorado com o qual Luiz Inácio Lula da Silva precisará dialogar desde já.
Os bloqueios são desproporcionais — lei é para ser cumprida e resultado de eleição, também —, mas os sinais trazidos pelo dia seguinte ao segundo turno são um desafio imediato ao governo que está no poder e ao recém eleito.