O resgate de um preso que resultou na morte de um agente penitenciário, em Caxias do Sul, na madrugada desta segunda-feira (7), vai precisar ser explicado em muitas frentes. Poucas horas após o fato, existem mais dúvida do que certezas sobre as circunstâncias do crime que vitimou Clóvis Antônio Ronan, 54 anos.
Primeiramente, saber qual quadrilha ajudou o preso a escapar é uma resposta que pode auxiliar na elucidação do caso. Neste momento, a Brigada Militar e a Polícia Civil estão mobilizadas na captura do bando e do apenado, Guilherme Mendonça Huff, que fugiu levando uma refém — libertada logo depois, em Farroupilha, também na Serra.
Outro ponto importante e sem explicação até agora: por que um preso com o perfil dele, de alta periculosidade, foi tirado da cela no meio da madrugada, no presídio do Apanhador, e levado a Caxias do Sul, a quase 50 quilômetros de distância, no meio da madrugada?
A Polícia Civil afirma que ele alegou uma crise renal aguda para o atendimento emergencial. Não teria sido mais adequado ter chamado um médico?
Se este é o procedimento padrão da segurança pública estadual, bem, ele precisa ser revisto. Ou mais agentes ficarão sob risco que pode ser evitado, e pacientes de unidades de saúde ficarão suscetíveis a bandos armados que atacam de madrugada.
Lembro de um caso de 2005, em Montenegro, que lembra o episódio desta segunda. Naquele ano, o preso Enivaldo Farias, o Cafuringa, foi alvo de resgate de sua quadrilha quando seria atendido fora da cadeia. O ataque resultou na morte de um agente penitenciário. Dezesseis anos depois, a história se repete.