De Brasília escreve a leitora Bruna F.: "Caro professor, fui sua aluna no curso de Letras e ainda hoje, 30 anos faz, não deixo de aprender com o senhor nas colunas da GZH. Estou começando a ler a sério a obra de Monteiro Lobato — não a coleção infantil, que frequento desde menina, mas a dos livros chamados "adultos", que herdei de meu pai numa encadernação verde-escura. Por recomendação de vários amigos, comecei por A Barca de Gleyre, a correspondência, como o senhor deve saber, que Lobato manteve com seu amigo Godofredo Rangel por quase quarenta anos. Estou abismada com a lucidez que Lobato tinha sobre a literatura brasileira de sua época, mas esbarrei numa palavra que destoa de seu texto como a cebola na salada de frutas: ao incentivar o amigo Godofredo a publicar um de seus livros, ele escreve, com entusiasmo, "Precisamos gavar este país com o teu romance". Os bons dicionários registram gavar como variante popular de gabar, mas acho que isso não fecha a conta: "gabar este país com o teu romance" continua a não ter sentido algum para mim. Posso pedir o seu auxílio, caro mestre?".
O Prazer das Palavras
Opinião
Gavar
Monteiro Lobato bem que tentou, em vão, introduzir a palavra no léxico nacional
Cláudio Moreno
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