No Mercado Público, sentados naquela famosa banca do sorvete, eu conversava com minha filha adolescente sobre a rica salada de frutas que estava diante de nós. Na verdade, quem falava era eu, ela apenas ouvia. "Banana, laranja, manga, morango, melão, uva, abacaxi e mamão! Que maravilha! Só mesmo no Brasil!", comentei, caprichando no tom entusiasmado para ver se a animava um pouco. Ela enrubesceu, passou uma vista de olhos pelos mesas vizinhas e murmurou, quase entre os dentes: "Para com isso, pai, que todo mundo está ouvindo! Além disso, só uma dessas frutas é nativa; todas as outras são exóticas". O vocabulário eu não estranhei, porque há dois anos ela faz parte de um grupo que estuda a flora brasileira; estranhei foi o escore: havia oito variedades naquela salada, e uma só era nativa! Sete a um – vareio igual ao que nos infligiu a Alemanha! (vareio, como sabe o caro leitor, vem de vara, ou seja, é uma sova, uma surra...). Nem precisei perguntar, pois ela fez questão de dizer, taxativa: "É o abacaxi. O resto vem de fora".
O prazer das palavras
Notícia
Coco
Foram eles, nossos antepassados lusitanos, que contribuíram com o nome do fruto do coqueiro, fazendo um batismo por semelhança
Cláudio Moreno
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