Um professor de História do Brasil, contemporâneo de faculdade e divertido parceiro de bar, pergunta se eu poderia ajudá-lo a sair de uma sinuca em que se meteu: "Moreno, eu me lembrei de ti: pois não é que me embananei ao examinar, com meus alunos, um texto de José do Patrocínio? Ao falar da coragem de Ângelo Agostini, aquele caricaturista que tanto lutou na campanha abolicionista, Patrocínio usa o termo intemerato ("Quanto mais perseguido, mais intemerato"). Para um aluno que perguntou, expliquei tranquilamente que era um sinônimo meio arcaico para destemido – e aí veio uma aluna e me mostrou, no celular dela, que não era nada disso, e que intemerato significa puro, sem manchas. Fiquei com a cara no chão e prometi que ia consultar os universitários... E aí? Não dá para dizer que esta palavra pode ter duas significações? Porque se não, o que ele escreveu não faz o menor sentido".
O prazer das palavras
Parece, mas não é
Quando dois vocábulos muito se assemelham, não é raro que causem confusão, principalmente entre as palavras de uso menos frequente
Cláudio Moreno
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