Não foi um jogo comum. Pela pressão e desconfiança, o Grêmio precisava também enfrentar o tempo. Há pouco mais de 40 anos, o clube de Porto Alegre havia vivido uma de suas noites mais emblemáticas no mesmo local. Naquele episódio, os homens que nos representaram jogaram por suas vidas também. E na noite de terça-feira (23), uma névoa da história estacionou para ver o mesmo tradicional confronto sul-americano.
Grêmio e Estudiantes parecem buscar capítulos marcantes. O jogo da morte do Tricolor na Libertadores parecia definido. Desfalques importantes, casa cheia e o bom momento do adversário indicavam sérios problemas para o time de Renato. E assim a noite se fez.
O Grêmio precisou subverter a lógica. Com Galdino, JP Galvão, Rodrigo Ely, todos contestados, e uma expulsão precoce do volante Villasanti, o Grêmio buscou, no renovado estádio, apenas um espelho. E encontrou. Era preciso "ser Grêmio" e foi exatamente isso que aconteceu.
Nos últimos minutos de um jogo que só a vitória interessava, com um menos, o Grêmio encontrou o passado. Gustavo Nunes foi o jovem impetuoso e irresponsavelmente genial Renato Portaluppi. Nathan Fernandes correu para dentro do gol pelos pés de Tarciso. Rodrigo Ely entendeu o que quer dizer Baidek, e Walter Kannemann esteve ao lado do lendário Hugo De Leon.
O Grêmio venceu por 1 a 0, mas isso é apenas um fato que entra nas estatísticas. A nova noite de La Plata foi maior do que isso. Ela serviu para unir gerações. Sentir, pela paixão, o encontro do passado é algo além do futebol e o Grêmio, na noite em que jogou pela vida em uma competição, fez isso. Usou um jogo para nos encontrarmos com a história.