
As coisas estão muito diferentes. Teve uma época em que se definia o jogo entre Grêmio e Inter com poesia. Eu mesmo fiz isso. Mas o tempo passou e nós precisamos encarar essa mudança. A expressão coirmão, definitivamente, precisa entrar apenas na ilusão do folclore, como a Era dos bondes em Porto Alegre ou o desfile de chapéus elegantes na Rua da Praia. Grêmio e Inter, ou gremistas e colorados, se distanciaram muito (não estou falando dos times), e devem encarar o seu novo tipo de relacionamento.
O futebol caminha para virar um esporte de nicho, em ambientes que falam com bolhas cada vez mais focadas no seu interesse. Por isso, as jornadas identificadas ganham tanto espaço. Está no fim o contexto que dominou quem gosta de futebol e que falava com orgulho da tal rivalidade. Hoje, quando o assunto é jogo de futebol, gremista quer estar com gremista e colorado, com colorado. E o tom bélico surge apenas quando se tenta reunir pólos tão distantes.
Na tarde quente de sábado (8), na Arena, o Grêmio perdeu o jogo e com o resultado a disputa pelo título ficou muito longe. O mérito, desde o início, foi do adversário que foi melhor em toda a competição. O Inter merece festejar entre os seus torcedores pela sua competência.
Ao Grêmio, como ensinamento, resta entender os motivos que determinaram o fracasso dentro do campo, como uma mudança drástica de time e a necessidade de tempo para retomar a competitividade. A falta de DNA também pode ser considerada. Muitos jogadores estão conhecendo o Grêmio ao mesmo tempo. Politicamente também precisamos entender porque acabamos com os nossos dirigentes e não permitimos que eles sigam contribuindo com o clube.
A disputa final do Gauchão nos deu mais uma dica de que a Era Gre-Nal acabou. Essa rivalidade, antes sadia, virou capítulo de livros de história. Não há necessidade de insistirmos com isso. Sobre o Grêmio, precisamos olhar para dentro e buscarmos soluções mais sólidas para a equipe. Quarta-feira temos uma decisão pela Copa do Brasil e precisamos do resultado. Na outra semana, começa o Campeonato Brasileiro, competição perigosa, e que precisa de total esforço do clube para não corrermos riscos. Essa é a vida. As coisas estão sempre em transformação, e é preciso aprender rápido para não ficarmos ainda mais para trás. O Grêmio não pode estar fixo em uma derrota ou em um "clássico" que, na verdade, não existe mais.
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