A confirmação do primeiro caso de influenza aviária no RS, na noite desta segunda-feira (29), não oferece risco imediato ao mercado avícola gaúcho, conforme entidades que representam o setor produtivo. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, o que deve ocorrer é o reforço de medidas preventivas que já vinham sendo adotadas pelos produtores.
— Por enquanto, não há risco de fechamento de mercado. Vai aumentar o nível de cuidado das empresas do Estado, que agora têm um caso confirmado em aves silvestres. Não difere nos casos do Espírito Santo e Rio de Janeiro, por exemplo. São aves migratórias, longe da produção industrial. O que a gente tem que fazer é reforçar os cuidados — sublinha Santin.
O presidente frisa que ainda é preciso analisar o caso, mas reforça que os produtores já vêm acompanhando a situação e se preparando para uma eventual contaminação. Segundo ele, o diálogo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), com órgãos locais e o setor privado tem sido muito importante para a elaboração de estratégias de enfrentamento à influenza aviária.
O presidente executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, pontua que o setor já estava em alerta desde os surtos registrados na Argentina e no Uruguai, o que permitiu uma preparação para uma eventual chegada da doença.
— Com isso conseguimos nos prevenir com ações de fortalecimento da segurança da nossa biodiversidade. Sabíamos que o Brasil estava na rota e agora confirmamos. Continuamos com o nosso setor comercial e de exportação livre de influenza aviária. O Brasil entra no que muitos países já enfrentam — diz.
Santos menciona o exemplo dos Estados Unidos que segue produzindo, embora enfrente o maior surto de gripe aviária da sua história, que já matou cerca de 60 milhões de aves em 47 Estados. Segundo ele, o setor brasileiro está preparado.
— Somos responsáveis por 35% do mercado de frango de corte do mundo, exportando para mais de 165 países. Com certeza, faremos o máximo para manter a nossa avicultura atendendo todas as nossas demandas — reitera.
Medidas preventivas
Ricardo Santin elenca algumas das medidas que vêm sendo recomendadas aos produtores para proteger as aves como:
- Reforçar as medidas de seguridade como a tela de malha fina, que não permita a entrada de passarinhos.
- Instalação de telas de contenção para evitar o contato com animais domésticos.
- Não permitir visitas de pessoas estranhas na granja.
- Uso de roupas exclusivas para acessar a granja.
- Não deixar ração aberta no tempo, manter fechada dentro do aviário.
Primeiro caso no RS
O primeiro foco de alta patogenicidade (H5N1) no Rio Grande do Sul foi confirmado pelo Mapa, na Estação Ecológica do Taim, entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, no sul do Estado. A doença foi detectada após testes realizados em cisnes-de-pescoço-preto, ave silvestre da que tem o nome científico de Cygnus melancoryphus.
O local foi foi interditado por tempo indeterminado. Desde a última quarta-feira (24), já foram encontradas 60 aves mortas durante trabalhos de rotina da equipe local, sendo 59 cisnes e uma caraúna.
O que fazer em caso de suspeita
Caso suspeitos de gripe aviária, em que os animais apresentem sinais respiratórios, neurológicos ou mortalidade alta e súbita em aves devem ser notificadas imediatamente à Secretaria da Agricultura por meio da Inspetoria de Defesa Agropecuária mais próxima ou através do WhatsApp (51) 98445-2033.