Comer fruta do pé é um privilégio que muitos vivenciaram na infância. Mas essa cena pode deixar de ser apenas memória e ajudar a transformar as cidades, com o plantio de árvores nativas do Rio Grande do Sul. Essas espécies, além de preservarem a flora local, melhoram o microclima, com redução da poluição sonora e do ar, além de servirem como barreira contra enxurrada. E, no caso de frutíferas, não apenas as pessoas se beneficiam. Animais aproveitam como alimento e proteção.
— A arborização contribui para todo o ambiente da cidade, ameniza a paisagem, estrutura vias, cria espaços de identidade e de referência no local e estimula a valorização imobiliária das regiões em que estão inseridas — detalha Verônica Riffel, chefe da equipe de Planejamento e Implantação da Arborização Urbana da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams).
Regramento
Mas são necessários cuidados antes de comprar sementes ou mudas em viveiros particulares e floriculturas. Pesquise sobre solo, porte da árvore adulta, manutenção e espaço necessário para seu crescimento.
Tudo para evitar surpresas desagradáveis de ter de lidar, por exemplo, com calçadas quebradas por raízes que se espalham ou que interferem no crescimento de outras plantas. Fique atento ao código de posturas do seu município, que geralmente apresenta essas orientações.
— Nos espaços privados, a sugestão é observar o local e a espécie: permeabilidade do solo, distâncias de outros elementos e características da árvore. Recomenda-se ainda verificar o posicionamento do plantio para que não haja obstrução da ventilação e da insolação da edificação — explica Verônica.
Ao se decidir por uma variedade, é recomendável analisar ainda o potencial ornamental e nutricional das frutas. E mãos à obra.
— É importante plantar árvores nativas porque ajudam a preservar e a divulgar frutas como cereja, butiá e pitanga, que são provenientes do Rio Grande do Sul, e muita gente não sabe — considera Lídia Figueiró, assessora técnica do Centro de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap), de Passo Fundo, que atua na área de agroecologia.
Mais 4,7 mil plantas na Capital
A prefeitura de Porto Alegre fará licitação no dia 23 de outubro, por meio de pregão eletrônico, para a terceirização de plantios em canteiros centrais e calçadas e em Áreas de Preservação Permanente (APPs públicas). O contrato é de um ano e prevê a implantação de 2,7 mil árvores em canteiros centrais e calçadas e outras 2 mil em APPs públicas. Para isso, foram realizados estudos que definiram áreas críticas — com baixa cobertura vegetal — ou de interesse paisagístico da cidade em grandes avenidas.
A arborização contribui para todo o ambiente da cidade, ameniza a paisagem, estrutura vias, cria espaços de identidade e de referência no local e estimula a valorização imobiliária das regiões em que estão inseridas.
VERÔNICA RIFFEL
Chefe da equipe de Planejamento e Implantação da Arborização Urbana da Smams
Mapeamento por geoprocessamento indicou os locais com menos área verde, caso do bairro Sarandi, na Zona Norte, enquanto Petrópolis e Moinhos de Vento estão entre os mais arborizados.
No levantamento mais recente realizado pela prefeitura, na década de 1990, as espécies mais comuns encontradas na cidade eram jacarandá, ligustro, braquiquito e extremosa. A partir do ano 2000, as diretrizes foram se adaptando aos novos conceitos de cidade e novas espécies foram inseridas no espaço urbano.
— Houve modificação da composição da arborização viária, tornando-a mais diversificada e trazendo mais espécies regionais — conta Verônica, da Smams, que lista pata-de-vaca, ipês, chalchal, cerejeira, araçá, guajuvira, tarumã, cedro, guabijú, capororoca, guabiroba e jerivá.
Cuidados no plantio
- Não plante espécies potencialmente invasoras, que se adaptam a qualquer meio, se reproduzem e dominam outras variedades.
- Evite espécies armadas e tóxicas, com espinhos, que causem alergias ou que tenham desenvolvimento desconhecido.
- Ao definir uma variedade, cuide para não prejudicar a acessibilidade e circulação com plantas grandes em calçadas estreitas.
- Canteiro pequeno pode comprometer a estabilidade da planta, dependendo do tamanho e altura de raízes, caule e galhos do vegetal.
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