![Ricardo Rollo / Divulgação Bayer Ricardo Rollo / Divulgação Bayer](http://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/24965413.jpg?w=700)
Estudo da universidade La Trobe, da Austrália, revelou que os vegetais são sensíveis ao toque. E, se o contato se repetir, pode prejudicar o crescimento da planta. A razão para esse resultado ainda não é conclusivo, mas pode estar associado à defesa contra o ataque de insetos. É como se os genes fossem ativados para proteção, concentrando a energia da planta no combate ao invasor, e reduzindo a capacidade de desenvolvimento.
De acordo com o líder da pesquisa na universidade, professor Jim Whelan, “após um toque, dentro de meia hora, 10% do genoma da planta é alterado. Isso envolve um enorme gasto de energia, que é tirado de outras funções do vegetal. Se o toque se repetir, o crescimento pode ser reduzido em até 30%”.
Mas o que esse estudo publicado em dezembro de 2018 na revista The Plant Journal impacta na agricultura de larga escala e na horta de casa? Ainda é cedo para conclusões, mas a análise do gênero Arabidopsis thaliana, que serviu de modelo no projeto, é base para novas pesquisas que visam ampliar o rendimento nas lavouras.
— Entendendo o mecanismo desencadeado, é possível saber porque o crescimento da planta é reduzido pelo toque. E, por meio de edição genômica, desativá-lo. Diminuir o estresse em uma planta ajuda a aumentar a produtividade — afirma a diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) Adriana Brondani, destacando que o trabalho, além de ajudar a reavaliar práticas de manejo, poderá contribuir para adaptar as plantas a condições de estresse.
Edição genômica pode aumentar dependência de químicos
O presidente da Associação Rio-Grandense de Floricultura (Aflori), Valdecir Ferreira, aconselha cautela para não se criar uma sujeição a produtos artificiais:
— Desabilitar geneticamente as funções para aumentar a produtividade de culturas comerciais poderia aumentar a dependência de controles químicos de pragas e insetos. A Revolução Verde, que se iniciou após a segunda guerra mundial, baseou-se na produção com uso de insumos como fertilizantes, inseticidas e fungicidas. E, na genética, a seleção buscando produtividade. Com isso, os vegetais de hoje produzem mais e com maior dependência química.
Manuseio pode ser positivo
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Ao mesmo tempo em que o desenvolvimento reduzido de plantas é ruim para a agricultura, pode ser positivo para as ornamentais.
— Para nosso setor (a floricultura) é interessante, pois queremos plantas bonitas, com flores, e que não sejam grandes demais — afirma Valdecir Ferreira, presidente da Aflori.
Além disso, pondera ele, pode ajudar a entender porque há variedades mais resistentes que outras. Considerando a necessidade de novas pesquisas, Ferreira aconselha as pessoas a não terem receio de manusear folhagens e flores.
— Tem de ter contato, encostar, colocar dedo no substrato. Até para ver se está úmido, se precisa ou não de mais água. Às vezes não basta apenas olhar. Quanto mais a pessoa mexe, mais cria intimidade e entende as necessidades da planta — indica Ferreira, orientando que a manipulação seja feita com delicadeza, principalmente em folhagens mais sensíveis, como bonsai e orquídea.
Cuidados no cultivo
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- Observe os sinais da planta em relação às suas necessidades.
- Não deixe de encostar no vegetal, mas com cuidado.
- Há variedades mais sensíveis, como orquídeas e bonsais, e outras resistentes, como cáctus, espada de São Jorge e as suculentas (echevéria ou rosa de pedra, planta fantasma, colar de pérolas, rabo de burro e outros).
- Prefira vasos maiores, pois armazenam mais água.
- Mas cuidado para não regar demais, pois isso pode ser tão nocivo quanto deixar a planta secar.
- Não enterre as demais partes da planta além da raiz.
- Evite podas em dias quentes. Ao fazê-lo, corte rente aos trocos para que a casca cubra feridas.
Fonte: Aflori