Tudo saiu dentro do que vinha sendo sinalizado pelo governo no anúncio do novo Plano Safra. Vieram mais recursos, com taxas de juro maiores.
O valor liberado no ciclo 2015-2016 ficará em R$ 187,7 bilhões, quantia 20% maior do que a do ano passado, como apontava uma fonte do ministério ouvida pela coluna nesta semana.
- Ajuste econômico não se dá apenas com cortes, mas também com investimentos - afirmou a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, pouco antes de informar o valor do plano.
Produtor reage entre satisfação e cautela após divulgação do Plano Safra
Nos bastidores, conta-se que ela teve de travar uma pequena batalha com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que desejava juro na casa de 9,5% a 10%. Kátia bateu pé e conseguiu ficar no patamar de 7,75% para o médio e 8,75% para o grande produtor nas linhas de custeio.
Levy recebeu agradecimento pessoal da colega "pelo gesto de grandeza, humildade e reconhecimento do setor".
Apesar de o setor ter sido poupado das tesouradas que cortaram orçamentos Esplanada afora, representantes do agronegócio avaliam que a situação ficou a meio termo: ao mesmo tempo em que reconhecem a relevância da ampliação de recursos, mostram-se preocupados com as taxas de juro.
Em alguns programas, o juro pesará mais do que em outros. É o caso das linhas voltadas à construção e à ampliação de armazéns, nas quais a taxa quase dobrou, como observa Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agrícolas do Estado.
Outra restrição é em relação ao fato de a maior ampliação de crédito ter ocorrido nos recursos com juro livre. Segundo o economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado, Antônio da Luz, nas linhas de custeio com juro controlado, o aumento da oferta foi de 7,5%, importante em ano em que "está tudo sendo cortado". Mas a maior expansão (130%) ocorreu nos recursos com juro livre, lamenta:
- Não competimos com outros setores e, sim, com o produtor americano, que pega crédito a 2%, e com o europeu, subsidiado.