No cenário atual de produção, criou-se um antagonismo entre o cultivo orgânico e o convencional. Estabeleceu-se que um é o mocinho e o outro é o vilão. Esses dois sistemas não precisam, no entanto, estar em lados opostos.
- Temos de dar opções ao agricultor. Há espaço para o orgânico e para o convencional. Acho um tiro no pé ficar brigando. O alimento tem de ser apenas seguro - avalia Marcos Botton, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho e professor de pós-graduação em fitossanidade da Universidade Federal de Pelotas.
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O pesquisador esteve reunido com outros especialistas para discutir os mitos e as verdades sobre alimentos seguros, em evento realizado pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul) na Serra. O tema não poderia ser mais oportuno diante de novas e sucessivas descobertas de adulteração no leite - e agora no queijo -, que colocam em xeque a confiança do consumidor.
- As pessoas não sabem o que é alimento de fato seguro. Temos tendência a achar que tudo que é natural é sem risco. O agroquímico é hoje o grande bode expiatório - contrapôs Claud Goellner, professor titular de toxicologia e ecotoxicologia da Universidade de Passo Fundo.
O consenso é o de que não existem alimentos completamente isentos de risco. Cabe ao produtor informar - e ao consumidor buscar informação - com clareza o que está por trás daquele alimento produzido. Sem preconceito, com base em dados reais, capaz de garantir a segurança que todos nós queremos.