O governo federal usou referências literárias e até Nelson Mandela para convencer que o Plano Safra da Agricultura Familiar apresentado para o ciclo 2015/2016 não só está de bom tamanho como também evidencia o esforço em preservar setor considerado vital. Com os índices de aprovação da presidente Dilma Rousseff atingindo o pior patamar desde o início do seu primeiro mandato, ter esse apoio é fundamental.
- Sou filho de agricultores, nascido em Bocaiuva, nos sertões de Minas Gerais, onde passei minha infância e juventude e onde conheci as doçuras e as agruras da vida no campo - disse o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Patrus Ananias, lembrando a obra de Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas.
Os recursos 20% superiores, chegando a R$ 28,9 bilhões, já haviam sido anunciados pela presidente na semana passada. Vieram acompanhados de juro maior - chegando a 5,5% no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
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Sim, é verdade que ainda são negativas, abaixo da inflação, como ressaltou Dilma. Na prática, no entanto, significam custo maior de produção para agricultores.
Sentado à mesa de autoridades, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, lembrou que a briga era para manter o patamar de juro. Mas resignou-se à situação conjuntural que exige ajustes em todas as pontas.
- É muito importante agora que bancos e municípios se agilizem para que o produtor tenha acesso ao crédito - completou.
Foi em outros tema que vieram as maiores novidades do dia. Como a informação de que nas próximas semanas o governo deverá apresentar um plano de reforma agrária.
Logo depois de avaliar os 20 anos de Pronaf e a trajetória do crédito da agricultura familiar - que saltou de R$ 2,3 bilhões em 2002 para o valor atual -, Ananias citou frase de Nelson Mandela:
- Depois de escalar uma grande montanha, se descobre que existem muitas outras montanhas para escalar.
De fato, quando se trata de vencer gargalos que impedem o pleno desenvolvimento da agricultura familiar, ainda há muitas outras montanhas, além do crédito, a escalar.