Depois de um momento de justificada euforia, com a venda recorde de mais de 83 mil equipamentos em 2013, a indústria de máquinas e implementos agrícolas se vê agora obrigada a aplicar doses de um remédio amargo: o das demissões. Os 170 desligamentos na unidade da John Deere em Horizontina são motivo de preocupação. Não poderia ser diferente em uma região que tem nessa atividade parcela significativa dos empregos. Ainda assim, a decisão não chega a ser surpresa.
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Números do setor mostram que há uma queda significativa dos negócios - 18,9% no acumulado até agosto deste ano, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). É verdade que essa redução reflete a base de comparação elevada.
Mas o descompasso entre produção e venda impõe a necessidade de ajustes no ritmo.
Na Expointer, fabricantes já alertavam para a possibilidade de redução no volume de equipamentos produzidos, assim como no quadro de trabalhadores. Mas qual deve ser a dose desse remédio? Há dificuldades à vista para o segmento?
Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), descarta um quadro de crise e alega que, no ano passado, as fabricantes fizeram muitas contratações para dar conta da demanda. Produtores anteciparam as compras para aproveitar o juro reduzido de 2,5% no Programa de Sustentação do Investimento.
- O setor ainda é um dos que está se defendendo. Aguenta um período sem dispensar funcionários porque tem mão de obra específica e localizada - ressalta o dirigente.
Nesta quinta-feira, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas de Horizontina se reuniu com o prefeito Nildo Hickmann para avaliar a situação. Conforme o presidente da entidade, Irineu Shöninger, o departamento jurídico estuda a possibilidade de buscar liminar na Justiça. No passado, afirma, foi possível reverter demissões.