A decisão de levar à votação a liquidação voluntária da Cotrijui não foi tomada agora por acaso. Das dívidas com cobranças em andamento, uma em particular preocupa. É a de um empréstimo feito no BNDES, de R$ 65 milhões, com execução posta em 1991, e que leva a leilão duas unidades: a de Ijuí e a de Chiapetta.
A segunda, inclusive, foi colocada em leilão no dia 12 e não teve lance. O segundo leilão está marcado para 1º de outubro. O lote em questão - máquinas, terreno de 40 mil metros quadrados, armazém graneleiro, moegas, escritórios, pocilga, entre outras benfeitorias -, terá lance inicial de 50% do valor avaliado, de R$ 10,96 milhões.
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- Foi basicamente essa execução que pesou na decisão de levar à liquidação. Neste momento, a direção está tendo o ônus de tomar a decisão que poderá salvar a Cotrijui - afirma Claudio Lamachia, advogado da cooperativa, sobre a motivação da atual diretoria, que assumiu o comando no ano passado, para colocar o assunto em discussão.
As dívidas foram acumuladas no passado e se transformaram em um volume considerável, de mais de R$ 500 milhões.
Em tese, se os associados optarem pela liquidação, e com a publicação no Diário Oficial, existe tempo hábil para frear o processo de leilão desse lote de Chiapetta. A janela, no entanto, é curta, e há trâmites a serem cumpridos para que isso ocorra.
O assunto tem mexido com o Estado, dado o peso da Cotrijui. É a maior em patrimônio e número de sócios nas cooperativas agrícolas, observa Vergilio Perius, presidente do sistema Ocergs/Sescoop. Já teve o maior faturamento do setor.
Para acompanhar a assembleia de sábado, a Ocergs enviará um advogado. A Terceira Via, grupo de oposição à atual diretoria, poderá indicar um nome para a condição de liquidante.
Quem ficar com a posição terá a responsabilidade de conduzir o processo, que será crucial para o futuro da cooperativa.