Com as atenções a partir desta segunda-feira voltadas para Fortaleza, onde se reúnem os líderes do chamado Brics - bloco formado pelos emergentes Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, o agronegócio aproveita para mandar o seu recado.
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Setores como o da indústria de aves e de suínos tentam desatar nós que ainda emperram os negócios. Cada um desses parceiros oferece barreiras a serem vencidas.
Da China se espera a resposta para habilitar sete novas plantas visitadas por missão no ano passado - atualmente, 29 frigoríficos de aves e seis de suínos têm autorização para exportar para lá. A Índia, apesar de ter as portas abertas ao nosso produto, aplica taxas de importação altas - 100% para cortes e processados de frango, por exemplo - que, na prática, tornam a venda inviável.
Os russos são um enigma nem sempre fácil de decifrar. Vêm aumentando o número de plantas brasileiras com aval para embarques, é verdade, mas volta e meia arranjam uma complicação para empacar os negócios.
Na África do Sul, as tarifas são igualmente o problema para a carne de frango. No caso dos suínos, persiste uma restrição desde 2005, diz Rui Saldanha Vargas, vice-presidente de suínos da Associação Brasileira de Proteína Animal. A entidade enviou ao ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, um ofício destacando os pontos a serem resolvidos com os "colegas" do bloco.
- Achamos que com uma forcinha na reunião possamos retomar o mercado de suínos até o final do ano. A parte burocrática está pronta - diz Vargas sobre a África do Sul.
A relevância dos pedidos vem do peso desse setor na economia do Brasil. Gera 4,15 milhões de postos de trabalho, diretos e indiretos. Em 2013, as exportações somaram quase US$ 10 bilhões - 10% do agronegócio nacional.
Talvez, na prática, não consigam nada neste encontro de agora. Mas o barulho pode surtir efeito mais adiante.