As ligações interceptadas pelo Ministério Público Estadual durante as investigações da Leite Compen$ado revelam que a paranaense Agro-industrial Cooperativa, a Confepar, sabia que estava abrindo suas portas para receber produto de má qualidade. Caso se confirme, será complicada a defesa da cooperativa, com peso importante no mercado do Paraná.
As ressalvas com relação às intenções da marca fizeram, inclusive, com que um projeto de instalação de agroindústria da Confepar em Panambi fosse barrado, no mês passado, no Fundopem-RS. A unidade em questão processaria leite concentrado, que seria depois enviado ao Paraná.
Presidente do Sistema Ocergs/Sescoop, Vergilio Perius disse que foi um dos primeiros a manifestar posição contrária à proposta.
As cooperativas gaúchas, ainda uma referência de qualidade na produção e imunes às ações do MPE até o momento, não acreditam que terão a confiança abalada diante do episódio.
- Nosso produtor, que fornece o leite, é associado. Nossos transportadores são cadastrados - explica Perius.
Outro ponto de segurança é o fato de as cooperativas gaúchas não fornecerem, para fora do Estado, leite na forma in natura, apenas produtos já industrializados.
Presidente do conselho administrativo da Dália, marca da Cosuel, e do Instituto Gaúcho do Leite, Gilberto Piccinini, concorda. E completa:
- O problema foi a Confepar não ter matéria-prima suficiente. Ao buscar leite de fora, se perde o controle do processo.