Embora o volume de recursos do Plano Safra da agricultura familiar não seja mais um mistério tão grande - serão R$ 24,1 bilhões só para o Pronaf, como antecipou o ministro Miguel Rossetto nesta semana - uma dúvida ainda persiste. E é motivo de preocupação: como ficarão as taxas de juro?
- Nesta parte, há um silêncio - afirma Elton Weber, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
O assunto não rendeu conversa durante a reunião com a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) em que o ministro do Desenvolvimento Agrário adiantou o valor a ser oferecido.
Tradicionalmente, 20% do total liberado costuma vir para o Rio Grande do Sul. Diante da nova cifra para o Pronaf, isso representaria R$ 4,82 bilhões.
Atualmente, as taxas variam entre 2% e 3%, sendo que há um pedido de redução em algumas linhas de financiamento. Repetir a fórmula de aumento médio de um ponto percentual aplicada ao crédito do Plano Safra para a chamada agricultura empresarial pode significar problemas à vista.
- Somos totalmente contrários à alta de juro. Não vamos discutir esse assunto - assegura Weber.
Ainda que as taxas sejam bem abaixo da inflação, o efeito cascata de uma alta pode ser a retração de investimentos no campo justamente no momento em que a necessidade é de uma produção capaz de acompanhar o ritmo da demanda. E vale lembrar que 70% dos alimentos no país vêm da agricultura familiar.
Nos bastidores, o que se sabe é que o ministro fecha o plano para a agricultura familiar só no domingo, um dia antes do anúncio oficial. Mas ainda nesta sexta-feira deve bater o martelo sobre taxas. Por enquanto, o cenário é considerado positivo.
Quem já amarga percentuais maiores, caso dos médios e grandes produtores, tenta agora sensibilizar o governo federal para reverter o que significa, lá no campo, um custo maior para a próxima safra.