A carteira do governo federal para os financiamentos do agronegócio ficou ainda mais aberta. Os recursos oferecidos para irrigar a produção brasileira rumo às 200 milhões de toneladas de grãos cresceram quase 15% na comparação com o ano passado.
O Plano Safra 2014/2015 coloca na vitrine valor recorde de R$ 156,1 bilhões.
Dessa vez há um ingrediente novo. Depois de anos de queda, os juros cobrados nas operações tiveram alta - em média, um ponto percentual. No anúncio, o ministro da Agricultura, Neri Geller, fez questão de ressaltar que a taxa Selic, por exemplo, subiu de 7,5% para 11%.
Mas a alta foi suficiente para mexer com entidades representativas do setor. Em entrevista, o presidente da Sociedade Rural Brasileira Gustavo Diniz Junqueira afirmou que os recursos são praticamente os mesmos da safra passada, se forem considerados os juros anuais pagos e a inflação do período.
Para o presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Carlos Sperotto, é a inversão do fluxo de juros, que vinha em curva descendente, o motivo de alerta "não só para o presente, mas também para o futuro". O aumento de um ponto percentual, reforça, representa alta de 18% no custo do dinheiro do financiamento:
- Nos preocupamos com a qualidade e não com a quantidade dos recursos.
No centro da questão está o temor do endividamento - para evitar a repetição de problema que teve renegociação mais recente concretizada no ano passado.
- O quadro econômico empurra para pressão da inflação nos custos de produção. Não é o juro em si, mas a conjuntura que preocupa - avalia Henrique Dornelles, presidente da Federarroz-RS.