Dados do Ministério do Desenvolvimento do primeiro trimestre mostram que a eficiência do porto de Rio Grande tornou atrativa a viagem de milhares de quilômetros para embarque da soja produzida em outras partes do país. No período, a proporção chegou a quase um por um: para cada grão exportado no terminal, um foi produzido fora do Estado.
Nos três primeiros meses de 2014, os gaúchos mandaram para o Exterior volume de 260,8 mil toneladas. No mesmo período, saíram do porto de Rio Grande 488,4 mil toneladas. Ou seja, pelo menos 227,6 mil toneladas não tiveram origem no Estado. Em todo o ano passado, a diferença entre a soja exportada pelo Rio Grande do Sul e a embarcada foi de 333 mil toneladas.
Esse grão de fora costuma se esvair com o avanço da colheita no Estado, explica Dirceu Lopes, diretor-superintendente do porto:
- A partir do mês de abril, a soja que sai de Rio Grande passa a ser majoritariamente gaúcha.
Na avaliação do economista da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz, dois aspectos tornam o porto daqui atrativo, apesar da distância. Um é a eficiência do sistema adotado em Rio Grande, que dá agilidade ao embarque. O outro é a dificuldade logística em outras partes de rotas tradicionais.
- O cara vir até o Rio Grande do Sul para exportar soja é porque a outra alternativa está muito ruim - completa Da Luz.
No ano passado, o volume de soja embarcado em Rio Grande, 8,27 milhões de toneladas, só foi menor do que em Santos. Neste ano, a previsão é de que o volume cresça 15%. O agendamento de cargas é uma das razões apontadas para a agilidade do embarque.
- Recebemos caminhões de Mato Grosso, do Paraná, de Tocantins - afirma Lopes.
Só para lembrar: de Campos Lindos, cidade do Tocantins com produção do grão, são 3.635 quilômetros de distância até Rio Grande.