Mais unidos do que em qualquer outro lugar do Brasil, de acordo com os dados obtidos a partir do Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro), lançado nesta semana, os produtores da Região Sul se sobressaíram no estudo pelo alto índice de uso de cooperativas como canal de venda da produção - tendência que deve se ampliar em todo o Brasil e avançar para a área de compras.
Na mostra geral do levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), 33,8% dos entrevistados fazem a venda por meio de cooperativas. No Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná, essa opção se eleva para 73,4%. E mais: quase 90% dos ouvidos em todo o país apontam necessidade de maior união para fazer compras conjuntas de produtos e serviços.
- Isso é bom, porque o produtor tem acesso a mecanismo de comercialização que sozinho não teria ou não saberia fazer, como contratos futuros e em bolsas - explica Antonio Carlos Costa, gerente do Departamento de Agronegócio da Fiesp.
No país, o levantamento chama a atenção para o índice de preocupação imediata do produtor agrícola com os custos de produção. Uma das razões, além da baixa confiança no futuro da economia do país, de acordo com Costa, está ligada a questões fitossanitárias, um temor realçado após os danos da lagarta Helicoverpa armigera em lavouras brasileiras. O temor é recorrente mesmo onde não houve perdas apesar da presença da lagarta, como no Rio Grande do Sul.
- O medo é de que outras pragas e doença possam aparecer. É uma preocupação que ocorre especialmente com produtores de milho, soja e algodão - avalia o executivo da Fiesp.
Entre as curiosidades do estudo, está o nível bastante elevado de escolaridade dos filhos dos produtores agropecuários (veja no quadro ao lado). No entanto, uma parcela ainda pequena (28,6% participa no dia a dia da propriedade). Costa prefere uma projeção positiva do cenário:
- Os dados do Brasil nos permitem ver que no futuro teremos propriedades melhor gerenciadas.
Veja alguns dados do estudo
![](http://zerohora.clicrbs.com.br/rbs/image/16232200.jpg?w=700)
Ferramenta para tomar decisões
O IC Agro pode ajudar quem está no comando dos negócios a tomar decisões, sustenta o coordenador do estudo, Antonio Carlos Costa, gerente do Departamento de Agronegócio da Federação das Indústrias de São Paulo. Ele sugere o uso dos dados como ferramentas de gestão e como forma de dar mais voz ao produtor nos contatos com o poder público:
- A pesquisa revela o ponto de vista do campo sobre uma série de assuntos, e o produtor ganha representação maior, é ouvido de uma forma que, individualmente, não seria.
O estudo também é uma forma de os governos adequarem políticas públicas ao que o setor espera e orientar melhor os investimentos. Além disso, o trabalho é importante para que agricultores e pecuaristas comparem as áreas de seus investimentos com os de outros produtores e saibam se estão indo no rumo certo. Isso com uma visão nacional, e não apenas do seu setor, região ou vizinho.
A boa qualificação dentro de casa constatada pela pesquisa, se tornou cada vez mais necessária. Além da questão dos custos, a preocupação com a falta de trabalhadores qualificados também é alta. Por isso, o estudo dos filhos é a solução, ressalta Costa. O produtor investe mais em tecnologia e maquinário mas não encontra profissionais capacitados para lidar com isso.
- Se não há mão de obra qualificada no mercado, o produtor é que vai ter de encontrar uma solução, entre as quais formar esses profissionais dentro da propriedade para dar conta dessa tecnificação - recomenda Costa
O estudo completo, que será divulgado trimestralmente, pode ser acessado gratuitamente em icagro.com.br.