Quando começam a aparecer relatos de dificuldades nas lavouras de milho do Estado, acende um alerta para outra ponta da produção. Ano a ano, as indústrias que têm no grão um dos insumos para ração precisam fazer e refazer as contas de uma demanda sempre superior à colheita - o Rio Grande do Sul não é autossuficiente nesta cultura. Qualquer indicativo de que o resultado final possa ser comprometido pelo clima impacta também na matemática desse segmento, que inclui, entre outros, suínos e aves.
Em 2013, o consumo gaúcho de milho somou 5,87 milhões de toneladas, conforme dados compilados pelo Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips). Como a produção do grão foi de 5,38 milhões de toneladas e houve o cumprimento de contratos de venda externa, nossa conta ficou negativa, mais uma vez, e foi necessário trazer produto de fora - 1,5 milhão de toneladas.
Um ano antes, em 2012, a seca que derrubou nossa colheita e também a do maior produtor mundial, os Estados Unidos, fez setores que são dependentes de milho vivenciarem graves crises, com altas elevadas no custo de produção.
Por enquanto, os prejuízos nas lavouras neste ciclo ainda são tidos como pontuais - e a chuva prevista para os próximos dias tem papel importante. A "sinaleira ligou o alerta", compara o presidente da Associação dos Produtores de Milho do Estado, Cláudio Luiz de Jesus. A perda na produtividade, por ora, é estimada entre 15% e 20%, mas ainda é cedo, afirma, para avaliar o impacto total que a falta de chuva causou.
A indústria tem sua demanda programada ao longo do ano. A conta do milho voltará a ser feita.
- Precisaremos saber o que será consolidado em termos de produção. Nada leva a crer que a gente tenha consumo menor do que no ano passado - observa Rogério Kerber, diretor-executivo do Sips.