A produção de fumo no Estado costuma permanecer como atividade de uma mesma família ao longo de diferentes gerações. O que não significa que essa cultura não esteja se reinventando por meio de novas tecnologias e para enfrentar pressões diversas (como de mercado e antitabagistas). Mudanças sugeridas pela indústria e por produtores se tornam solução para diferentes problemas econômicos, produtivos e socioambientais. Para identificar as tendências do setor, o Campo e Lavoura buscou a
ajuda de especialistas para indicar o que deve se consolidar nos próximos anos.
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África é a ameaça nas exportações
O Brasil é líder mundial de exportação de tabaco por duas décadas, e o setor espera que o país mantenha a posição nos próximos anos, mas sem grandes variações em termos de volume e valor de embarques. No ano passado, embora tenham sido embarcadas 11 mil toneladas a menos em relação a 2012, o valor arrecadado foi 0,3% superior, batendo a marca histórica daquele ano, e alcançando novo recorde de US$ 3,27 bilhões.
Os maiores concorrentes, atualmente, são aqueles que produzem o mesmo tipo de tabaco que o Brasil, o tipo virgínia, como os países africanos Zimbábue, Malawi e Tanzânia. Esses países vêm se recuperando de sérios desequilíbrios políticos e sociais e estão aumentando suas produções. Os Estados Unidos também estão ampliando
o cultivo depois de reduzir a produção por conta de campanhas antitabagistas mundiais.
Uma das vantagens brasileiras, conforme o Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), é a estabilidade da produção, sustentada pelo sistema integrado. É isso que garante a compra de todo o tabaco ainda na lavoura e também estimula e
facilita o planejamento do cultivo, com orientação técnica profissional.
- Temos diferenciais em termos de qualidade, práticas sustentáveis e responsabilidade
social que nos colocam à frente de outros países. A variação da moeda pode ser o único empecilho à competitividade - afirma presidente do Sinditabaco, Iro Schünke, sobre as razões para a continuidade do Brasil na liderança mundial do setor.
Para o economista Guilherme Risco, da Fundação de Economia e Estatística (FEE), há duas variáveis importantes a serem levadas em conta em termos de exportações de produtos agrícolas, o que torna difícil previsões de longo prazo sobre o tema.
- Depende da qualidade da safra combinada com a demanda dos países - analisa Risco.
Em relação ao destino do fumo brasileiro, o presidente do Sinditabaco espera apenas elevar a posição dos países do Extremo Oriente no ranking de compradores.
- Essa é uma das poucas regiões do mundo que ainda estão registrando aumento no consumo de cigarro - explica Schünke.
As escolhas do futuro
África é a principal ameça nas exportações do tabaco brasileiro
Maiores concorrentes são os países que produzem o mesmo tabaco que o Brasil, do tipo virgínia
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