Embora não apareça nas primeiras colocações entre os maiores exportadores, o Zimbábue, com território 21 vezes menor do que o Brasil, é considerado a maior ameaça à soberania do tabaco brasileiro.
Em números absolutos, Índia, Estados Unidos e Turquia, nessa ordem, depois do Brasil, são líderes em embarques mundiais. Mas a nação africana vem crescendo, há cerca de 10 anos no mercado internacional.
Segundo o professor da pós-graduação em Desenvolvimento Rural e em Agronomia e coordenador do curso de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Leonardo Xavier da Silva, a explicação é simples: o país africano produz o mesmo tipo de tabaco que é o principal cultivado pelo Brasil (cerca de 84% do total).
Chamado de virgínia, é considerado fumo de melhor qualidade e, portanto, de maior valor. A produção dessa variedade é quase toda voltada ao mercado externo. Assim como faz o Brasil.
- Os Estados Unidos também focam o cultivo no virgínia, mas não nos ameaçam tanto porque a produção atualmente é voltada para o mercado interno - esclarece Silva.
O Zimbábue e os EUA costumavam liderar as exportações até a década de 1970. A partir dali, foram afetados por duas questões: uma crise no país africano, provocada por uma reforma agrária governamental, e uma forte campanha antitabagista nos EUA.
O cenário levou multinacionais a buscar novos mercados. Foi nesse período que identificaram no Brasil as condições necessárias. Com incentivos do governo, conseguiu-se atrair a atenção para o Rio Grande do Sul, onde já se concentrava um grande número de produtores e um complexo industrial.
- O Brasil cresceu, qualificou os processos e se solidificou como pólo mundial fumageiro. Por isso fidelizamos as empresas, mas, dependendo do custo-benefício, podemos, sim, perder mercado - observa o presidente do Sinditabaco, Iro Schünke.
Líder há 21 anos
Vem da África a maior ameaça à liderança do tabaco brasileiro
Zimbábue produz o mesmo tipo de tabaco, o virgínia, que é o principal cultivado pelo Brasil
Vanessa Kannenberg / Uruguaiana
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