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Prestes a colher a maior safra de soja da história, confirmada ontem na projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o produtor gaúcho começa a contabilizar os rendimentos com a venda do grão.
A expectativa é de que os preços em alta se mantenham e valorizem ainda mais a produção cheia, que irá recuperar as perdas provocadas pela seca no ano passado.
Conforme a Conab, a safra gaúcha de soja chegará a 12,19 milhões de toneladas, volume 86,8% maior do que o colhido em 2012. No total, a produção de grãos deverá chegar a 27,67 milhões de toneladas - variação de 32,5%. Na comparação com o último levantamento, a projeção para a soja não teve alteração. A estimativa para o milho foi ampliada (veja ao lado).
- Mais da metade do milho já foi colhido, por isso temos um número mais próximo da realidade. Esse aumento pode ocorrer com a soja também, que começa a ser colhida agora em março - explica Glauto Lisboa Melo Junior, superintendente da Conab no Estado.
A evolução das lavouras, conforme Glauto, faz a companhia apostar numa consolidação desses números nos próximos levantamentos - com possibilidades remotas de redução da produção. De acordo com o gerente de produtos vegetais da Cotrijal, Gelson Lima, mesmo com uma boa safra, a região de atuação da cooperativa pode perder até 10% do potencial de produção. Isso se deve à falta de chuva em janeiro, que afetou principalmente a soja plantada mais cedo. O retorno da precipitação em fevereiro, porém, animou os produtores.
- Teremos uma safra boa, mas não podemos falar em supersafra. Algumas lavouras de soja vão colher cerca de 60 sacas por hectare e poderiam chegar a muito mais - observa Lima.
Apesar da estimativa da produção de soja ter ficado um pouco abaixo do potencial esperado no país, devido ao excesso de chuva na região Centro-Oeste e estiagem em janeiro na Região Sul, os produtores esperam ser compensados com a valorização do grão no mercado internacional. Com a redução da safra na América do Sul, especialmente na Argentina, a expectativa é de que os preços se mantenham em alta
- Acreditamos que os preços se manterão firmes em razão da produção menor em mercados concorrentes e forte demanda pelo grão, principalmente na China - aponta o presidente da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira.
O produtor Evandir César do Nascimento, 43 anos, deve iniciar a colheita de soja no final deste mês. Nesta safra, ele cultivou 140 hectares na propriedade em Ibirubá, no Noroeste do Estado. A expectativa do agricultor é colher 60 sacas por hectare, três vezes mais do que na última safra.
- Este ano dá gosto de olhar a lavoura. Como o clima ajudou, até investi mais em pulverização para tentar aumentar a produtividade.
Antes do plantio, Nascimento vendeu cerca de 10% da lavoura, por R$ 56 a saca. Depois da colheita, espera comercializar o restante por R$ 62. A rentabilidade esperada pelos produtores, no entanto, poderá ser reduzida pelos custos de logística, em razão da estrutura limitada de portos e rodovias.
- Os níveis de preços estão bons, nosso grande desafio continua sendo o transporte dos grãos, prejudicado pelo aumento do custo do frete - aponta André Pessoa, consultor da Agroconsult.
Colaboraram Fernanda da Costa e Nestor Tipa Júnior