Um nevoeiro cinza chamou a atenção de moradores do noroeste gaúcho nesta sexta-feira (9). Em Santa Rosa, uma neblina baixa, que reduzia a visibilidade, durou o dia inteiro. O mesmo foi percebido em Passo Fundo, no norte do RS. Segundo a Climatempo, estas são as regiões do Estado mais impactadas pela fumaça vinda de queimadas no norte e no nordeste do Brasil (confira vídeo no final desta matéria).
A fumaça já havia sido percebida nesta manhã na capital de São Paulo, que amanheceu com o céu com uma tonalidade rosa e cheiro de fumaça. Segundo Carine Gama, meteorologista da Climatempo, não é possível precisar se a origem da fuligem é a floresta amazônica, ainda que ela concentre em torno de 60% das queimadas no Brasil atualmente, uma vez que também há casos de fogo acontecendo em outros biomas, como o cerrado.
— Não temos como medir e afirmar que as queimadas cuja fumaça chegou ontem (quinta, 8) e hoje (sexta, 9) sobre Sul e o Sudeste são provenientes só das queimadas da floresta amazônica, mas os altos focos de queimadas no Brasil, na Bolívia e no Paraguai têm favorecido a fumaça no Sul e no Sudeste — explica Carine.
Na região Sul, Paraná e Santa Catarina tiveram registros de fumaça especialmente nos municípios do Oeste. No Rio Grande do Sul, uma frente fria acompanhada de instabilidade impossibilita distinguir, nos satélites, o que é fumaça das queimadas e o que é nebulosidade normal, conforme Carine. A chuva também ajuda a “limpar” o ar dessa fuligem. No entanto, como a fumaça é percebida no oeste catarinense, a chance de que ela esteja afetando também o noroeste gaúcho é grande.
A Rede Ar do Sul, da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), informou que os dados de monitoramento da última semana não têm mostrado problemas de poluição que possam indicar que os gases e o material particulado emitido das queimadas tenham chegado ao RS. O órgão informou que, no entanto, isso pode estar ocorrendo em função da ocorrência de chuva e condições de vento favoráveis à rápida eliminação desses poluentes no Estado.
A fumaça é trazida por meio de um fluxo de vento chamado de “jatos de baixos níveis”, com altura de 1,5 quilômetro, considerada baixa pelos meteorologistas. Esse vento sopra da região amazônica, entre Brasil, Bolívia e Peru, em direção ao sul e ao sudeste brasileiros.