As obras da RS-118 já se estendem há tanto tempo que o transtorno causado pelos desvios e bloqueios virou rotina. Entre idas e vindas, paradas e recomeços, os trabalhos de duplicação da via já duram 26 anos — a primeira licitação foi lançada em 1993, como recorda o diretor-geral do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer-RS), Rogério Uberti. Com intervenções ocorrendo há tanto tempo, os motoristas que circulam por ali, quando questionados, se dizem acostumados com os gargalos que se formam na rodovia.
— Os transtornos de agora são o ônus para termos uma pista duplicada no futuro — diz o motorista Lidiano de Matos, 45 anos.
O maior problema é para quem vem das BRs 116 ou 448, no trecho de Sapucaia do Sul, logo no início da rodovia. Neste ponto, um viaduto está em construção. Entretanto, a falta de sinalização e de orientação aos motoristas e pedestres têm causado um sem fim de confusões.
Nesta terça-feira (22), a reportagem esteve em Sapucaia do Sul e presenciou situações de risco. Circulando pela região, é fácil registrar a confusão no trânsito, principalmente para quem vem dos bairros e tenta acessar a rodovia. Além disso, muitos pedestres precisam se arriscar em meio aos carros e caminhões para atravessar a pista. Morador de Sapucaia, o metalúrgico aposentado Darci Thiesn, 65 anos, precisa descer da bicicleta para fazer a travessia da RS-118. Ele diz estar acostumado ao transtorno, mas ressalta que é preciso atenção ao cruzar a via.
— Se não tem pique para passar correndo, melhor nem se arriscar — brinca.
Imprudência
Os congestionamentos gerados pelas obras não têm se limitado apenas aos horários de pico. Na manhã em que a reportagem esteve no local, mesmo depois das 10h, o movimento era lento no sentido Gravataí-Sapucaia. O gargalo se forma pois quem vem de Gravataí encontra bons trechos já duplicados, o que dá mais fluxo ao trânsito. Entretanto, chegando em Sapucaia do Sul, é necessário andar por pista simples. Aliado a isto, o trânsito local, das comunidades lindeiras à rodovia, carrega ainda mais o fluxo. Quem circula diariamente pela região precisa ter paciência. O autônomo Adriano Dalla Lastra, 56 anos, que mora em Esteio, ainda chama a atenção para imprudência de alguns motoristas:
— Sempre tem alguns que atravessam onde não devem. A tranqueira é consequência, fazer o quê? A obra tem que sair.
A industriária Irani Valena Pereira, 63 anos, só se arrisca na travessia da pista em casos de extrema necessidade. Ontem, a moradora de Esteio precisou ir até o lado de Sapucaia do Sul. Para ela, a falta de uma sinalização específica para os pedestres é o que causa mais problema.
— Só se metendo no meio dos carros para conseguir passar. Eu tenho medo, mas não tem o que fazer, não tem uma passarela sequer para atravessarmos — reclama Irani.
Mudanças ainda em janeiro
O diretor-geral do Daer-RS, Rogério Uberti, reconhece os problemas de sinalização das obras da RS-118, principalmente no trecho de Sapucaia do Sul. Segundo ele, na quinta-feira passada, uma reunião entre a Secretaria de Logística e Transporte do Estado e o Daer definiu a diretoria de Operação Viária vai assumir a responsabilidade por providenciar melhorias na sinalização e na mobilidade da rodovia. Conforme Rogério, o órgão ainda assinou, no fim do ano passado, um termo aditivo no contrato do trecho de Sapucaia para aquisição de equipamentos de sinalização, principalmente para iluminação noturna do local.
— Entre o fim de janeiro e o mês de fevereiro os usuários da via começarão a sentir os efeitos práticos. Apesar de ser uma obra de grande porte, não podemos virar as costas para as comunidades ao redor.
Conclusão
A expectativa do Daer e do Governo do Estado, é concluir a RS-118 ainda em 2019. Segundo Rogério, se seguirem o ritmo atual das obras, não devem haver empecilhos quanto a este prazo.
— A duplicação está sendo tratada como prioridade pelo governador. É uma obra que já está 70% concluída, sua não finalização é impensável — garante o diretor do Daer.