Nenhum metro de rodovia foi duplicado nos 1800 quilômetros de estradas com cobrança de pedágio nos últimos 15 anos. Exatamente como foi previsto no contrato. Ao focar a concessão apenas na manutenção e conservação, o governo Antônio Britto fadou o Rio Grande Sul a ter parte importante da infra-estrutura viária estagnada por quase duas décadas.
Resultado: a Agenda 2020 estima que o custo logístico no estado seja quase três vezes acima da média nacional, o que faz as empresas gaúchas perderem competitividade. Dos 18 mil quilômetros de rodovias estaduais e federais que cruzam o Estado, apenas 468 quilômetros são duplicados, menos de três por cento. "O governo deveria ter mantido concessões com a iniciativa privada, que tem fôlego para investimentos, mas resolveu criar mais uma estatal", critica o coordenador da Câmara de Logística da Agenda 2020, Paulo Menzel.
O Sindicato dos Transportadores de Carga pensa diferente: apóia o fim dos atuais contratos, considerados lesivos. O SETCERGS afirma que as tarifas de pedágio que não foram revertidas em melhorias nas estradas pressionaram o custo do transporte de cargas, já que 87% do modal logístico gaúcho está sobre rodas. A entidade estima que o custo do frete seja impactado entre 10 e 30% pela tarifa praticada nas rodovias gaúchas. - A redução no valor do pedágio anunciada pelo Governo não será percebida pelos consumidores, já que deve apenas anular os custos extras que estamos tendo com a Lei do Motorista -, explica o presidente Sérgio Neto.
Produção e reportagem de Alvaro Andrade e Eduardo Matos, com sonoplastia de Rogério Barbosa.