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Um estudo publicado por pesquisadores na revista Science Advances no início desta semana apresenta uma teoria que sugere que a vida inteligente pode ser um resultado provável da evolução biológica e planetária sob condições específicas.
A nova proposta contrapõe a teoria dos "passos difíceis", apontada por Brandon Carter em 1983, que considerava a evolução da humanidade e o desenvolvimento de tecnologia como eventos com baixa probabilidade de ocorrência.
Para os cientistas responsáveis pela pesquisa, essa nova proposta indicaria, na prática, uma maior probabilidade da existência de vida inteligente fora da Terra, uma vez que esse desenvolvimento não seria algo tão excepcional.
O pesquisador de pós-doutorado em geomicrobiologia na Universidade de Munique Dan Mills, principal autor do estudo, falou sobre a nova proposição em entrevista para a CNN:
— Em suma, nossa estrutura mostra como etapas difíceis podem não existir de fato. Transições evolutivas passadas que precisavam acontecer para que nós, humanos, estivéssemos aqui, podem não ter sido difíceis ou improváveis no tempo disponível.
Teoria dos passos difíceis
Enraizada na biologia e apoiada pela física, o modelo dos "hard-steps" tentou explicar a proximidade entre o tempo de vida estimado do Sol, de 10 bilhões de anos, e o tempo que a Terra levou para produzir os seres humanos, cerca de cinco bilhões de anos.
Carter, o responsável pela tese, defende que a vida inteligente leva muito mais tempo para surgir do que o tempo proporcionado pela vida útil de uma estrela. Portanto, segundo ele, essa vida depende de etapas evolutivas extremamente improváveis, e a Terra teria muita sorte de ter passado por todas elas.
Evolução ambiental
A nova teoria, no entanto, sugere que, uma vez que o planeta atinja um conjunto específico de condições habitáveis, o desenvolvimento de vida inteligente pode seguir um caminho relativamente rápido.
Conforme a tese publicada na Science Advances, a Terra mudou física e quimicamente. Segundo análises geobiologicas, a atmosfera não oferecia oxigênio suficiente para seres humanos durante a maior parte da história da Terra.
Assim, de acordo com a nova proposta, no momento em que as alterações no ambiente permitiram a maior diversidade de habitat para a vida, o ser humano teria surgido e se desenvolvido de maneira eficiente.