Pela primeira vez, a Lua foi incluída em uma lista de locais ameaçados pela ação humana. A relação, divulgada a cada dois anos pela organização World Monuments Fund (WMF), inclui 25 lugares que enfrentam desafios para sua preservação. No caso da Lua, a organização destacou que a exploração lunar tem ocorrido sem o devido cuidado pela preservação da história do satélite natural.
A presidente da WMF, Bénédicte de Montlaur, afirmou que há uma "necessidade urgente" de preservar objetos emblemáticos do legado da exploração lunar, como a câmera que capturou o primeiro pouso na Lua e um disco memorial deixado pelos astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin. Esse disco contém mensagens de líderes de 73 países e foi deixado na Lua durante a missão Apollo 11.
— A inclusão da Lua enfatiza a necessidade universal de estratégias proativas e cooperativas para proteger o patrimônio que reflete e salvaguarda nossa narrativa coletiva — disse de Montlaur.
Conforme a WMF, existem 90 sítios históricos na Lua, incluindo o local de pouso da Apollo 11, a Base da Tranquilidade. No lugar onde astronautas pisaram na Lua pela primeira vez, há mais de cem artefatos históricos. Os outros sítios marcam onde outras espaçonaves fizeram contato com a superfície lunar, segundo a WMF.
— É um convite a uma conversa pública mais ampla sobre o que a nova Era Espacial poderia significar para a paisagem cultural e natural lunar — informou a organização.
A lista da WMF inclui outros 24 lugares espalhados em 29 países nos cinco continentes (veja detalhes abaixo).
A listagem inclui, por exemplo, a área urbana e histórica de Gaza, na Palestina. A organização destacou que há mais de 300 sítios históricos na região, que refletem o legado de culturas como a de egípcios, filisteus, assírios, romanos, bizantinos, cruzados, mamelucos e turcos otomanos. Segundo a WMF, após o conflito iniciado em 7 de outubro de 2023, a estimativa é que 63% de todos os patrimônios culturais em Gaza tenham sofrido danos, e que 31% tenham sido completamente destruídos em bombardeios israelenses.
Outro conflito que deixou danos profundos é o travado entre Rússia e Ucrânia. A WMF apontou que um bombardeio em 2022 prejudicou a Casa dos Professores, em Kiev, símbolo da independência ucraniana. Hoje um Museu Pedagógico, foi ali que o parlamento da nação começou a se reunir quando a República Popular Ucraniana declarou independência em 1918.
As mudanças climáticas ameaçam vários dos patrimônios listados pela WMF. A organização destacou que o aumento no nível do mar pode destruir a a Costa Suaíli da África e faróis históricos no Maine, nos Estados Unidos. O aumento na temperatura também é um desafio para a preservação de esculturas de terracota do Mosteiro de Alcobaça, em Portugal, e dos campos agrícolas de Waru Waru, no Peru.
Veja abaixo a lista completa de patrimônios:
- Mosteiros do Vale do Drino, Albânia
- Cinema Studio Namibe, Angola
- Qhapaq Ñan, Sistema Rodoviário Andino, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru
- Grutas Budistas de Maijishan e Yungang, China
- Sítios do Patrimônio da Costa Suaíli, Comores, Quênia, Moçambique, Tanzânia
- Capela da Sorbonne, França
- Paisagem Mineira Histórica de Serifos, Grécia
- Sistemas Hídricos Históricos de Bhuj, Índia
- Edificações Históricas do Rio Musi, Índia
- Sítios do Patrimônio da Península de Noto, Japão
- Mosteiro Budista de Erdene Zuu, Mongólia
- Patrimônio Judaico de Debdou, Marrocos
- Casa do Chefe Ogiamien, Nigéria
- Tecido Urbano Histórico de Gaza, Palestina
- Campos Agrícolas Waru Waru, Peru
- Esculturas em Terracota do Mosteiro de Alcobaça, Portugal
- Ruínas da Velha Belchite, Espanha
- Reservatórios de Água da Medina de Túnis, Tunísia
- Cidade Histórica de Antakya, Turquia
- Casa dos Professores de Kiev, Ucrânia
- Salões de Assembleias de Belfast, Irlanda do Norte, Reino Unido
- Grande Caminho do Comércio, Estados Unidos
- Faróis Históricos de Maine, Estados Unidos
- Paisagem Cultural da Planície de Inundação de Barotse, Zâmbia
- Lua
