Um fenômeno espacial chamou a atenção nos céus de Tramandaí, no Litoral Norte do Estado, na madrugada desta sexta-feira (21). Conforme registrado pelo Observatório Espacial Heller & Jung, o evento astronômico se trata de "sprites" — efeitos luminosos transitórios que ocorrem em altitudes elevadas, causados por descargas elétricas poderosas, proferidas durante tempestades com raios.
O caso ocorrido em alto mar na costa da cidade litorânea apareceu como uma espécie de flashes de luzes de curta duração, conforme explicou Carlos Jung, proprietário do observatório, para GZH.
— Esse efeito normalmente conta com formas ramificadas que se estendem verticalmente e horizontalmente a partir do ponto de origem, muitas vezes parecendo um pouco com a forma de uma árvore invertida. (Nestes casos), quando um raio atinge o solo, uma descarga elétrica também é enviada para a alta atmosfera, e essa descarga pode gerar um sprite — relatou.
Os "sprites" são difíceis de serem detectados a olho nu, visto que ocorrem em altitudes extremamente elevados e duram apenas alguns milissegundos. Além disso, os estudos quanto a estes casos foram pouco estudados no passado.
— Hoje em dia, os "sprites" são objetos de estudo em pesquisas científicas e observações atmosféricas, com cientistas buscando entender melhor suas características, causas e impacto no clima e na ionosfera da Terra — disse Jung.
Os fenômenos espaciais também têm sido alvo de análises relacionadas ao monitoramento de atividades das tempestades e suas correlações, assim como outros eventos atmosféricos ocorridos em órbita da Terra, visíveis para os equipamentos astronômicos ou não.
O professor Fabricio Ferrari, físico e astrofísico na Furg, relatou a GZH que o fenômeno não é comum na região e pode estar relacionado com as entradas turbulentas de ar quente e frio na atmosfera gaúcha, desde a chegada do ciclone no Estado, até a onda de calor após a chuva na madrugada desta sexta-feira.
— Como a atmosfera está muito turbulenta, fica mais propício acontecer esse tipo de carregamento eletrostático de nuvens e posteriormente de descarga — relatou o especialista.
Ferrari ainda ressalta que o fenômeno se trata de um outro tipo de raio, diferente do tradicional.
— Não é um raio no sentido de ter aquela corrente elétrica fluindo, como no tradicional. É mais um gás que fica eletricamente carregado, que chamamos de plasma, e emite luz — concluiu.
*Produção: Nikolas Mondadori