A Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou novos registros obtidos com a sonda Mars Express, que está a cerca de 100 quilômetros da órbita da Terra. Enquanto monitorava Marte, a tecnologia espacial conseguiu registrar um raro evento astronômico: o eclipse envolvendo a lua marciana Deimos e quatro luas de Júpiter.
Segundo a ESA, o alinhamento aconteceu em fevereiro desse ano. Para registrar o momento, a sonda captou 80 imagens, que foram utilizadas para a constituição de um vídeo. "Tal alinhamento é extremamente incomum porque Deimos deve estar exatamente no plano orbital das luas de Júpiter para que o alinhamento ocorra", explicou a agência espacial em comunicado.
No vídeo acima, divulgado no último dia 11 no YouTube da ESA, é possível ver a lua Deimos (que se move da esquerda para direita), de cerca de 15 quilômetros de comprimento, ocultando a lua Europa e a gigante Ganimedes, ambas de Júpiter. Na sequência, Deimos cobre o disco de Júpiter e outras duas luas do planeta: Vulcânica e Calisto.
De acordo com a ESA, essas imagens por terem sido feitas do espaço e próximas dos corpos celestes trarão mais riqueza de detalhes e informações do que se o registro tivesse sido realizado da Terra. Como as luas marcianas são pequenas e têm luminosidade fraca, seria ainda mais difícil percebê-las a partir de um referencial terrestre.
Importância das imagens
Para a equipe envolvida no projeto, esses registros fotográficos são importantes para obter informações precisas sobre a posição e a órbita de Deimos, além de permitir melhor a compreensão sobre como ocorre o alinhamento dela com os satélites naturais de Júpiter.
As fotos também serão úteis para que os pesquisadores possam compreender, a partir das órbitas dessas luas, como elas surgiram. Os cientistas também pretendem obter informações para confirmar ou refutar duas hipóteses em vigor: uma diz que Deimos e Phobos (maior lua de Marte) fizeram parte de um mesmo corpo celeste que se partiu, enquanto a outra as considera como asteroides que foram capturadas pela gravidade marciana.
A partir de uma análise detalhada das órbitas desses corpos celestes, é também possível traçar previsões sobre o futuro deles. Sabe-se que Phobos está se movendo lentamente em direção a Marte e que daqui a 100 milhões de anos ele estará tão próximo do planeta que a gravidade marciana poderá destruir esse satélite natural. Com isso, também está prevista a formação de um disco de detritos ao redor de Marte.
Também é de conhecimento científico que Demos está se afastando de forma lenta do planeta vermelho. Segundo os cientistas, se isso continuar acontecendo, esse satélite natural poderá fugir da área de influência gravitacional do planeta.