Um estudo recente publicado no Planetry Science Journal mapeou seis pontos específicos da lua Titã, a maior lua de Saturno. Essa região será explorada em 2027 por uma libélula robótica da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa).
A Nasa havia anunciado no início do ano passado a missão espacial Dragonfly, que tem como objetivo enviar em 2027 a libélula robótica à Titã com intuito de encontrar vida. Para que a operação seja bem sucedida, diversos estudos tem sido realizados para mapear a região onde a tecnologia pousará.
Segundo a equipe científica envolvida no trabalho recém-publicado, a pesquisa poderá fornecer dados importantes para a construção de hipóteses e modelos que poderão ser testados. O trabalho também considerou que a área é coberta por dunas de areia e terra gelada e que isso oferece condições propícias para a existência de vida microscópica.
A previsão da agência espacial é de que a tecnologia pouse no campo de dunas de Shangri-lá, perto da cratera Selk, na lua Titã, em 2034. Para os pesquisadores, essa região é uma área cientificamente notável digna de exploração e onde pode haver a presença de vida microscópica.
Em comunicado, Lea Bonnefoy, cientista planetária da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, e uma das autoras do estudo recém-publicado, explicou que o local de pouso do robô é uma região equatorial, seca e fria de Titã e que a atmosfera é espessa e conta com a presença de hidrocarbonetos. "Às vezes chove metano líquido, mas é mais como um deserto na Terra, onde você tem dunas, algumas pequenas montanhas e uma cratera de impacto. Estamos olhando de perto para o local de pouso, sua estrutura e superfície", relatou a pesquisadora.
O estudo
Para realizar o mapeamento da região de pouso, os pesquisadores contaram com imagens que foram obtidas pela sonda Cassini. A partir disso, puderam observar a forma como os sinais de radar se modificavam e refletiam de diferentes ângulos (chamados curvas de Backscatter).
Com a análise dos registros fotográficos, os estudiosos também conseguiram fazer algumas suposições e previsões sobre partes da superfície de Titã que não foram registradas e/ou cujas imagens não ficaram bem nítidas.
Uma das limitações da pesquisa foi a qualidade das imagens obtidas com a sonda. A Cassini permite uma resolução de apenas 300 metros por pixel. Para resolver em parte essa questão, também foram analisados os dados obtidos pelo módulo de pouso Huygens, que se encontra no polo sul de onde será o local de pouso do drone.
A missão espacial
A missão de exploração da Titã, a maior entre as 82 luas de Saturno, faz parte do programa Novas Fronteiras, da Nasa, que financia iniciativas planetárias de médio porte, ou seja, que não excedam US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,4 bilhões). Até o momento, além da Dragonfly, outras três missões receberam os recursos do projeto: Juno, New Horizons, e Osiris-Rex.
Assim que chegar no local de pouso, a libélula robótica, que pesa cerca de 450 quilos e conta com oito rotores de um metro de diâmetro cada, começará o mapeamento do local em busca de vida e de elementos biologicamente significativos. O equipamento poderá realizar a operação a uma velocidade máxima de 36 km/h.
Para que a tecnologia tenha maior tempo de vida útil, os pesquisadores desenvolveram um sistema de navegação independente que permite que o robô reconheça riscos e consiga voar e pousar por conta própria.
Segundo a equipe envolvida no projeto, Titã foi a lua escolhida por ter semelhança geográfica com a Terra e pela presença de uma atmosfera nebulosa que oculta lagos rasos, o que pode garantir condições ideias à existência de vida.