
A Polícia Civil segue tentando localizar a mulher investigada pela morte do companheiro dentro de casa no Balneário Quintão, em Palmares do Sul, no Litoral Norte. Na noite da última terça-feira (4), o filho dela de 23 anos foi preso em um ponto de tráfico de drogas, na Serra, e confessou a participação no crime. Horas antes, ainda pela manhã, havia sido encontrado esquartejado e carbonizado o corpo de Milton Prestes da Silva, 55 anos, dentro de um freezer, na casa onde vivia.
Na quinta-feira (6), a Justiça decretou a prisão temporária da mulher. A polícia não informou o nome da investigada, mas Zero Hora apurou que se trata de Ana Alice da Rocha, 47 anos. Natural de Frederico Westphalen, no norte do Estado, a mulher residia com Milton na casa onde aconteceu o crime. Os dois tinham se mudado havia cerca de um mês para a moradia alugada. Ambos mantinham na casa um comércio de bebidas. O homem também trabalhava numa banca de churrasquinhos na área central de Quintão.
Assim como o filho, a mulher possui antecedentes por tráfico de drogas, além de outros crimes, como apropriação indébita e dano. Ela está desaparecida desde a manhã de terça-feira, quando foi encontrado o corpo do companheiro. O crime foi descoberto após um familiar da vítima desconfiar do desaparecimento e ir até o local. A última vez em que Milton foi visto com vida havia sido na quinta-feira, 27 de fevereiro, mesmo dia no qual a polícia acredita que tenha acontecido a morte.
O comportamento de Ana Alice, que aparentava nervosismo, levantou suspeita do familiar. A mulher deixou a casa no veículo dela, um Gol branco, que foi encontrado abandonado numa estrada de areia, nas proximidades da Lagoa do Quintão. O veículo tinha placas de Campo Bom, município onde o casal teria morado antes de residir no Litoral. Uma das suspeitas é de que a mulher tenha deixado o carro ali e escapado numa motocicleta.
A Polícia Civil emitiu uma nota sobre a decretação da prisão temporária da suspeita, na qual relata que houve parecer favorável do Ministério Público para o pedido, que foi decretada pela Justiça de Palmares do Sul. O filho dela, que teve prisão preventiva decretada, segue recolhido no sistema prisional.
— Seguimos atrás de informações sobre o paradeiro dela, mas concomitantemente estamos trabalhando para concluir o inquérito, fazendo diligências e ouvindo testemunhas — afirma o delegado Antônio Carlos Ractz Júnior, responsável pela investigação.
Filho confessou

Após ser localizado pela polícia, com auxílio da Brigada Militar, em Gramado, na Serra, o filho de Ana Alice confessou ter assassinado o padrasto. Ele relatou à polícia que viajou até Quintão após saber que a mãe vinha sendo vítima de violência doméstica.
— Ele alega que chegou lá, sabendo da situação em tese de violência doméstica que a mãe sofria, e de imediato desferiu uma facada no padrasto. Colocou no freezer e depois esquartejou o corpo dele e colocou fogo. É o que ele alega, que teria saído da Serra e ido ao Litoral para fazer isso, para promover defesa da mãe dele — afirma o delegado.
Quando ouvido, o rapaz afirmou que cometeu o crime sozinho e que medicou a mãe para que ela dormisse, mas a polícia não está convencida desta versão. Ana Alice, segundo testemunhas, chegou a pedir uma pá para vizinhos.
A polícia investiga a motivação apontada pelo filho — de que cometeu o crime para proteger a mãe — como uma possibilidade, mas também apura outras hipóteses que possam estar por trás da morte de Milton. Em razão disso, a investigação considera essencial a prisão da mulher, para buscar esclarecer as circunstâncias do crime.
Milton teve o corpo carbonizado num dos cômodos da casa – o local ainda tem as marcas no chão e uma tomada derretida pelo calor. Na área localizada nos fundos da moradia, havia uma cova aberta, onde a polícia suspeita que poderia ser depositado o corpo da vítima. Foi encontrado também cimento dentro da casa. Milton teve o corpo esquartejado e depois incendiado, junto a cobertores.
Carta deixada na casa
Dentro da casa, a polícia encontrou uma carta, com data de sexta-feira, dia 28 de fevereiro, que teria sido escrita por Ana Alice. Nela, a mulher alega que decidiu tomar uma decisão e afirma que o marido era alcoólatra e usuário de drogas.
Ela admite ainda ser usuária de cocaína e alega sofrer de depressão e diz sofrer tortura psicológica por parte do companheiro em razão disso. Em outro momento da carta, a mulher afirma que “ele é bom para mim”. A polícia ainda tenta esclarecer como era a relação do casal.
— Não havia nenhum registro formal na Polícia Civil de violência entre os dois, o que não afasta a possibilidade de violência doméstica. Mas ainda precisamos esclarecer muitos pontos dessa história — diz o delegado.
Colabore
A Polícia Civil solicita a colaboração da comunidade para informações sobre o paradeiro da suspeita, que é considerada procurada. Denúncias podem ser encaminhadas por meio do WhatsApp 51 98610-4663, de forma sigilosa e anônima.