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Em entrevista concedida na manhã desta terça-feira (11) ao programa Timeline Gaúcha, da Rádio Gaúcha, Juliana Leite Rangel, jovem que foi baleada na cabeça durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Rio de Janeiro, contou como foi o período internada e como está o processo de recuperação após o ocorrido.
— Cada dia é uma conquista nova. Eu também me esforço muito pra me recuperar — afirma a jovem, que atualmente está na casa da irmã, onde continuará o tratamento.
Juliana, 26 anos, foi atingida na cabeça por um disparo da PRF na noite de 24 de dezembro do ano passado, enquanto viajava com a família para passar o Natal em Itaipu, Niterói (RJ). O carro, dirigido pelo pai dela, Alexandre de Silva Rangel, 53 anos, foi abordado na Rodovia Washington Luís (BR-040), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo Rangel, ele sinalizou que encostaria o veículo assim que ouviu a sirene da polícia, mas os agentes teriam saído do carro atirando.
Juliana afirmou lembrar apenas do momento em que tudo aconteceu. No instante seguinte, ela diz ter sentido algo atingindo seu corpo:
— Eu lembro que a gente estava no caminho e aí começou a ouvir muito, na gíria de carioca, "papoco" no carro. Aí meu pai falou: é tiro. Depois disso, eu não lembro... lembro que reclamei com ele (o pai), e depois não me lembro de mais nada.
Encaminhada em estado gravíssimo ao Hospital Adão Pereira Nunes, Juliana precisou ser sedada, passou por uma traqueostomia e respirou com ajuda de aparelhos. Após dias de incerteza, recebeu alta na última quinta-feira (6).
Agente de saúde no município de Belford Roxo, Juliana lamenta o impacto que o episódio teve em sua vida.
— Eu quero muito voltar à minha rotina normal. Minha vida virou de cabeça pra baixo. Hoje mesmo era pra eu estar trabalhando, atendendo meus pacientes, e estou aqui, deitada, esperando minha mãe preparar meu banho — contou.
O caso está sob investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF). O diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Souza Oliveira, declarou que a corporação apura casos de excesso em abordagens. Os três agentes envolvidos na ação foram afastados preventivamente de atividades operacionais.
Juliana também questionou a assistência oferecida pela PRF. Por isso, ela acionou advogados para acompanhar o caso.
— Agora falam que só vão disponibilizar um veículo pras minhas consultas de fisioterapia e etc. Eu botei advogado pra ele ver o que que vai poder fazer por mim. Porque eu trabalhava, e agora estou assim — completou.
Ela denunciou ainda a omissão dos policiais na cena do crime.
— A Polícia Rodoviária nem foi ver, nem foi tentar me socorrer, nem foi ver se eu estava viva — concluiu.
A PRF afirmou que disponibiliza apoio logístico para os deslocamentos necessários da família e oferece suporte psicológico.