
Paola Muller, 32 anos, que foi assassinada a tiros na segunda-feira (27) em São Francisco de Assis, na Fronteira Oeste, tinha medida protetiva contra seu ex-companheiro Alan Rodrigues da Silva, 26, suspeito de cometer o crime. O homem foi preso em flagrante por uma força-tarefa da Brigada Militar e da Polícia Civil na noite de segunda.
Segundo o delegado Marcelo Batista, que investiga o caso, o crime foi premeditado. O motivo seria o descontentamento de Silva com a perda da batalha judicial pela guarda do filho de seis anos dos dois.
A decisão judicial sobre a guarda do menino saiu em 22 de janeiro. Conforme a polícia, naquela noite, Silva foi até a casa de Paola, onde forçou a porta e quebrou o vidro. Ela fez um boletim de ocorrência e foi pedida a medida protetiva de emergência, que foi concedida na quinta-feira (23).
De acordo com o delegado, a vítima foi retirada do local onde morava por precaução e ficou em outra residência, a cerca de 20 metros da delegacia. Batista afirma que a mulher permaneceu neste local até o fim de semana, quando voltou para casa.
Ainda no fim de semana, Silva buscou o filho para ficar com ele. O delegado acredita que a decisão de cometer o crime possa ter ocorrido quando ele entregou a criança e percebeu que precisaria esperar 15 dias até revê-lo.
Intervenção policial
O delegado diz que, após o episódio da tentativa de arrombamento na casa de Paola, a polícia orientou a mulher a tomar algumas medidas de segurança. Na quinta-feira, foram realizadas buscas na casa do suspeito, onde não foi encontrada arma de fogo.
Os policiais conversaram com o homem e tentaram convencê-lo a aceitar a situação e não cometer nenhum ato de violência contra a ex-companheira. Em depoimento, Silva revelou que premeditou o crime, mas que havia desistido após a conversa com os agentes.
— Tentamos orientar tanto a vítima quanto o agressor. Em um primeiro momento, ele desistiu do crime. Mas em um segundo momento, algum gatilho fez ele decidir cometer o crime. Acredito que foi no domingo, quando teve de entregar o filho — diz Batista.
O delegado diz que a vítima não acreditava que o ex-companheiro pudesse fazer algo contra ela, apesar do episódio do arrombamento, por ela ser a mãe do filho dele. Um celular foi disponibilizado a ela para que a polícia pudesse contatá-la. Por volta das 22h de domingo, o plantonista conversou com Paola para verificar se estava tudo sob controle e ela teria respondido que sim.
— Pela nossa experiência policial, identificamos que esse caso merecia um atendimento diferenciado. Por isso ficamos monitorando — pontua Batista.
O crime
Segundo a polícia, no fim da manhã de segunda-feira, Alan Rodrigues da Silva foi de moto até a casa da ex-companheira. Ela estava de carona no carro de um amigo que vinha conduzindo ela nos últimos dias por medida de segurança. As autoridades dizem que Alan desceu da moto, deu um abraço no filho e desferiu seis tiros contra Paola, descarregando o tambor de um revólver calibre 38.
A mulher foi socorrida por vizinhos e levada para uma emergência hospitalar. Conforme a polícia, enquanto isso, Silva foi até outra rua, recarregou a arma e seguiu o carro que levava a ex-companheira para o hospital. Ao chegar na porta da instituição de saúde, ele efetuou mais seis disparos contra a mulher.
Pelo menos cinco tiros atingiram Paola na região do tórax e diversos outros nos membros superiores. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu no local. O homem fugiu. Uma câmera de monitoramento registrou o ataque.
O suspeito foi preso em flagrante ainda na segunda após buscas realizadas em parceria da Brigada Militar com a Polícia Civil. Em depoimento, Silva disse que se escondeu em um matagal, onde se desfez da arma e do celular. A arma não foi localizada. Segundo o delegado Marcelo Batista, não há registro de arma no nome do preso.
Nas redes sociais, Silva publicou um texto admitindo o assassinato, alegando desespero pela perda da guarda do filho: "Eu tentei da melhor forma, avisei, pedi, pedi e pedi mil vezes: por favor, não tirem meu filho de mim, ele é tudo que eu tenho, mas não adiantou. Foram lá e fizeram de tudo que é mentira pra me tirar ele", escreveu.
O delegado diz que o inquérito deve ser encerrado em até 10 dias. Além do feminicídio, a polícia também apura se houve tentativa de homicídio contra as outras pessoas que estavam próximas ao local onde foram efetuados os disparos.
Homenagem
A farmácia em que Paola trabalhava publicou uma homenagem no Facebook, na qual presta condolências aos familiares e amigos da funcionária e deseja que "a memória e as boas lembranças permaneçam para sempre entre nós".