A empresa com sede em Três Rios, no Rio de Janeiro, suspeita de vender cerca de 800 toneladas de carne contaminada pela enchente que atingiu o Rio Grande do Sul teve lucro milionário, segundo a Polícia Civil. Em entrevista ao Gaúcha Mais, a delegada Samieh Saleh afirmou que o produto foi vendido por uma empresa de Canoas, na Região Metropolitana, à companhia fluminense, de forma legal. Os alimentos vendidos eram destinados exclusivamente para a fabricação de ração animal ou "graxarias", pois eram impróprios ao consumo humano devido ao contato com a água contaminada da cheia de maio de 2024.
A empresa investigada, identificada pela delegada como Tem Di Tudo Salvados, é suspeita de ter revendido os produtos para outras empresas, inclusive, a uma que tem sede no Rio Grande do Sul. Conforme Samieh, o valor de mercado da carne, caso estivesse própria para consumo humano, seria de cerca de R$ 5 milhões.
— O produto que saiu daqui, o valor dele era em torno de R$ 5 milhões e compraram por em torno de R$ 80 mil todas as 800 toneladas de alimento — estima.
A polícia aponta que o quilo da carne caso estivesse boa para consumo humano seria comprado por cerca de R$ 6,25. Neste caso, a compra do produto impróprio foi feita por R$0,10 e depois revendido como próprio.
Origem da investigação
A investigação teve início na Delegacia de Polícia de Proteção aos Direitos do Consumidor, Saúde Pública e da Propriedade Intelectual, Imaterial e Afins (Decon-Deic) do Rio Grande do Sul ainda em junho de 2024. Foi quando a empresa de Canoas que vendeu a carne foi procurada por outra companhia gaúcha que havia comprado 3 toneladas do produto revendido e suspeitou do aspecto.
— Essa distribuidora antes de distribuir, ao verificar que a carne estava com aspecto estranho, entrou em contato com a empresa de Canoas e identificaram que havia algo de errado. Então a carne que veio para cá (Rio Grande do Sul) acabou não sendo comercializada — explica Samieh.
De acordo com a delegada, outra distribuidora de Minas Gerais teria comprado pelo menos 14 toneladas do produto impróprio. Ela afirma que não é possível estimar a quantidade de carne contaminada que pode ter sido consumida por clientes. Segundo a delegada, quatro pessoas foram presas em flagrante nesta quarta-feira (22) em operação conjunta com a Polícia Civil do Rio de Janeiro e poderão ser responsabilizadas por crime contra a saúde pública, contra as relações de consumo e associação criminosa.
Na sede da Tem Di Tudo Salvados outras irregularidades também foram constatadas pela investigação, que segue em andamento. A reportagem de Zero Hora tenta contato para posicionamento da empresa Tem Di Tudo Salvados, mas até o momento não houve retorno.