A mulher flagrada por câmeras de estabelecimentos comerciais do bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, cometendo furtos foi identificada pela investigação da Polícia Civil. A equipe da 3ª Delegacia de Polícia chegou ao nome da suspeita, que possui longo histórico de envolvimento em delitos desse tipo. Nas últimas semanas, ao menos três fatos foram registrados, nos quais foram levados óculos, joias e um aparelho de celular.
— Ela tem várias ocorrências, já usou inclusive tornozeleira eletrônica, que foi retirada após ela ser absolvida num dos procedimentos. Possui histórico de diversos furtos, lesão corporal e vias de fato (ato agressivo, que não deixa lesão), e outros crimes, mas o principal é furto. Teve diversas entradas no sistema prisional. Ela vive disso. Pelo que vi no histórico dela, é um meio de vida. Pratica isso há bastante tempo — afirma a delegada Rosane de Oliveira, titular da 3ª DP.
O nome da suspeita, que ainda será ouvida, não foi divulgado. A polícia ainda está ouvindo as vítimas e reunindo elementos em relação aos casos. Neste momento, ainda não há mandado de prisão contra a suspeita.
Segundo a delegada, em todos os casos, a mulher se aproveitou de um momento de distração de quem estava lhe atendendo para cometer o furto. Num dos casos, ela levou um expositor onde estavam pulseiras, avaliadas em cerca de R$ 2 mil.
— É a profissão dela. Vai ali, já sabe o que vai pegar e já tem ideia da rentabilidade. Sempre quando há furtos, já se tem o receptador por trás. Tem quem compra, quem fomenta esse tipo de comportamento. São objetos que ela sabe que vão trazer algum ganho financeiro — diz a delegada.
Registros
Para a polícia, a mulher escolheu os comércios do Moinhos de Vento para os furtos em razão do elevado poder aquisitivo da região. Não é incomum que criminosos de outros lugares se desloquem até o bairro para cometer delitos.
— É uma área que tem pessoas de alto poder aquisitivo. Temos casos de furtos e arrombamentos de veículos, no qual as pessoas saem de Canoas ou Sapucaia do Sul para praticar ali no Moinhos. É isso também ocorre em casos como esse — explica.
As imagens das câmeras de segurança foram essenciais para que a polícia identificasse que era a mesma pessoa que havia praticado os três furtos, e para chegar à identificação. Pelo que foi apurado até o momento, a mulher costuma agir sozinha. Em ao menos parte dos casos, a suspeita, que é chamada pelos empresários de "a ladra do Moinhos", se apresentou como "Júlia", e em algumas situações informou um CPF, possivelmente falso.
Segundo a delegada, até o momento, três ocorrências recentes foram registradas pelas vítimas. No entanto, há relatos da existência de outros furtos. Os comerciantes ainda estão sendo ouvidos pela investigação. A polícia reforça a importância de os casos serem comunicados oficialmente. É possível procurar diretamente a 3ª DP de Porto Alegre (Avenida Cristóvão Colombo, 1.299, no Moinhos de Vento).
— Estamos fazendo buscas, na tentativa de localizar outras vítimas. Mas, por enquanto, temos esses três casos. É muito importante que as pessoas façam o registro. É muito difícil que essa pessoa permaneça presa muito tempo porque são delitos que não têm violência contra a vítima. Por isso, queremos demonstrar na investigação que ela vem agindo de forma reiterada, causando prejuízos — afirma a delegada.
A policial alerta ainda para algumas dicas que podem ser seguidas pelos comerciantes, como manter câmeras de segurança, se possível, não realizar o atendimento sozinho e criar códigos entre os atendentes, para o acionamento da polícia, caso se note alguma suspeita.
— É interessante que os empresários estejam alertas, tomem suas medidas preventivas e, se perceberem algo, chamem polícia imediatamente — orienta.
Alguns casos
Loja de roupas
O caso aconteceu no último dia 3, em uma loja de roupas. A mulher conversou com a atendente, demonstrou interesse por produtos e em seguida saiu, aparentemente sem levar nada. Ela levava, no entanto, o celular da lojista, furtado em um momento de distração.
— Conversamos, ela experimentou as peças e começou a ir de arara em arara, o que me deixou até tonta. Ela ainda alegou que precisava sacar o dinheiro porque o telefone estava quebrado. Quando eu vi, ela tinha saído para “sacar”, mas tinha levado o meu celular — conta a empresária Roberta Ribeiro, 47 anos.
Joalheria
A mulher foi filmada enquanto furtava joias em uma loja de luxo. Segundo a proprietária da joalheria, foram levadas cinco pulseiras. Os itens, avaliados em cerca de R$ 2 mil, estavam em um expositor.
— Ela distraiu a vendedora, pedindo pra embalar algumas coisas, botou uma sacola entre ela e a vendedora, abriu a gaveta e pegou. Depois, saiu dizendo que precisava pegar o dinheiro em algum lugar — contou a empresária Graziela Dias ao G1.
Ótica
Recentemente o empresário Guilherme Heller, 40 ans, foi vítima da ação da mulher, que furtou dois óculos na loja da qual ele é dono. Uma funcionária suspeitou do comportamento da suposta cliente e pediu que ele checasse as imagens das câmeras. A mulher havia colocado dois óculos dentro da blusa, enquanto a atendente buscava um produto no estoque.
Salão de beleza
Em um caso ainda no ano passado, a mulher teria furtado um celular em um salão de beleza da Rua 24 de Outubro. No local, também se apresentou como Júlia, supostamente a fim de agendar um atendimento. Após fazer um cadastro, ela pediu para usar o banheiro e, quando ia embora, levou um telefone que estava em uma bancada e pertencia a uma cliente.