Os três acusados pelas mortes de um jovem e um adolescente em um depósito de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, seguem presos aguardando por julgamento. O crime foi descoberto em 31 de março do ano passado, quando os corpos de Wesley Amaral dos Santos, 19 anos, e Jonathan Júnior Xavier Lopes, 16, foram localizados em uma estrada com as mãos amarradas e saco na cabeça.
Em agosto de 2023, a Justiça tornou réus Tiago Moré Martins, que trabalhava como segurança no depósito, Rudimar da Rosa, que era guincheiro de uma empresa que prestava serviço para o depósito, e Leopoldo Rausch Potter, o dono do estabelecimento. Os três cumprem prisão preventiva.
O delegado Gabriel Lourenço, titular da 1ª Delegacia de Sapucaia do Sul, pontua que o inquérito policial foi encerrado e encaminhado à Justiça com o indiciamento dos suspeitos. Eles foram acusados por duplo homicídio e dupla ocultação de cadáver.
De acordo com o advogado Felipe Moreira da Silva Teixeira da Paixão, que representa Leopoldo Rausch Potter, ainda não ocorreu nenhuma audiência de instrução nesse caso. A denúncia do Ministério Público do RS aponta que o crime seria uma represália pela suspeita de furto de baterias de um depósito credenciado do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
O crime
A apuração da Polícia Civil apontou que Wesley e Jonathan teriam ido até um Centro de Desmanche de Veículos credenciado pelo Detran para furtar duas baterias na noite de 30 de março. Conforme a investigação, eles estariam acompanhados de outros dois rapazes, que ficaram do lado de fora do estabelecimento.
Os dois teriam sido flagrados e rendidos por seguranças do depósito, conforme relato dos amigos que ficaram do lado de fora e que conseguiram fugir. Avisada por estes amigos, a mãe de Jonathan, Edilaine Xavier, relatou que foi até o depósito e ouviu dos seguranças que eles haviam feito disparos para o alto com a intenção de assustar os rapazes e que ela poderia voltar para casa, pois logo eles retornariam.
— Nada justifica o que ele fez, de entrar num lugar fechado. Mas ele estava deitado já. Que chamassem a polícia — disse Edilaine a GZH cinco dias após o crime.
Após passar a madrugada sem notícias do filho, Edilaine estava a caminho da delegacia para registrar o desaparecimento de Jonathan quando soube, pelas redes sociais, do encontro de dois corpos no local conhecido como Estrada dos Ramires, em Sapucaia do Sul. Uma familiar foi até o local e reconheceu Wesley e Jonathan pelas tatuagens.
Prisões cumpridas
Em 10 de abril de 2023, a Justiça decretou a prisão dos três suspeitos pelo crime. No domingo, 30 de abril, Rudimar Rosa, que era dono de um guincho, se apresentou na Delegacia de Polícia de Camaquã, no sul do Estado. Já havia um mandado de prisão contra ele, que foi levado para uma casa prisional. À época, a advogada Luana Teixeira Xavier, que atende Rosa, disse que o investigado não tinha ligação com o crime e optou por se apresentar à polícia para esclarecer o caso.
Em 19 de junho, Tiago Moré Martins, o segurança do depósito, foi detido em Cidreira, no Litoral Norte. A defesa de Tiago afirma que ele segue preso, apesar de vários pedidos de habeas corpus.
O último a ser preso foi Leopoldo Rausch Potter, que foi detido em 18 de janeiro de 2024 durante uma operação da Polícia Federal em Gravataí, na Região Metropolitana. Ele não era alvo da ação, que tinha como objetivo desarticular um esquema de importação ilegal, de comércio de sucata de bateria automotiva e de materiais descartáveis. No entanto, como ele foi localizado em um dos pontos vistoriados, acabou preso.
Defesas se manifestam
O advogado Lucio Constantino, que representa Tiago Moré Martins, afirma que o seu cliente não teve participação no homicídio.
O advogado Felipe Moreira da Silva Teixeira da Paixão, que representa Leopoldo Rausch Potter, afirma que seu cliente se declara inocente e que recentemente “foram respondidos ofícios importantes de autoridades junto ao processo”.
A advogada Luana da Silva Teixeira Xavier, que representa Rudimar da Rosa, disse a GZH que a defesa não tem nada a declarar no momento.