A Justiça proibiu o vereador Filipe Lang (PT), de Palmares do Sul, de se aproximar de um casal de testemunhas no inquérito em que ele é investigado por suposto direcionamento de doações aos flagelados. O parlamentar, que também é pré-candidato a prefeito no município litorâneo, foi alvo de buscas e apreensões determinadas pelo Judiciário no último fim de semana e chegou a ser preso, por manter em casa uma arma em situação irregular. Ele acabou liberado, após pagar fiança.
Lang intermediou o repasse, a moradores de Palmares do Sul, de 18 toneladas de donativos enviados pelo governo federal. Para o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, ele direcionou as doações para suas bases eleitorais e parte delas foi enviada a pessoas que não foram atingidas por alagamentos. A maior parte das cestas básicas foi encontrada e apreendida pelo MP e Polícia Civil.
Lang admite que intermediou os repasses, mas diz que os donativos foram para pessoas atingidas, ainda que de forma indireta, pela catástrofe de maio. Trabalhadores urbanos que perderam sua fonte de renda e agricultores que sofreram enormes prejuízos na lavoura, exemplifica.
O Gaeco também informa que os donativos deveriam ter chegado numa igreja, mas acabaram enviados a Quintão, distrito de Palmares do Sul que é base eleitoral do candidato a vice-prefeito na chapa de Lang, Polon Backes de Oliveira (que também é vereador, pelo União Brasil). As doações teriam sido guardadas no depósito de uma lancheria, sob controle de familiares de Polon.
Esta semana, conforme o Gaeco, o vereador Lang teria procurado testemunhas ligadas à igreja a que se destinariam originalmente os donativos enviados pelo governo federal. Os promotores de Justiça suspeitam que o objetivo seria convencer os religiosos a dizerem que ele era um legítimo intermediário das doações.
Assustadas, as testemunhas procuraram o Ministério Público, que pediu a prisão preventiva de Lang. A Justiça não concedeu a prisão, mas determinou que ele seja impedido de se aproximar das testemunhas a menos de 200 metros, sob pena de conversão em prisão preventiva, caso seja descumprida a ordem.
O promotor Mauro Rockenbach, do Gaeco Litoral, considera que a conduta do vereador, de procurar testemunhas do processo, demonstra tentativa de interferir nas investigações:
— A conduta deste político, um vereador, de procurar testemunhas do processo demonstra tentativa clara de interferir indevidamente nas investigações, mostrando desrespeito com as instituições do Poder Judiciário e do Ministério Público.
Além de Lang, são investigados por suposto desvio de donativos outros dois vereadores: Polon Backes de Oliveira (UB) e Manoel Antunes Neto (PL). Polon é candidato a vice na chapa para prefeito de Lang. Ele alega que os R$ 15 mil apreendidos são honorários que recebeu como advogado. Em outra investigação relativa a Palmares do Sul, o Gaeco apreendeu cinco cestas básicas, originárias da Defesa Civil, em domicílio de Antunes, rival político de Lang e Polon. Ele também é suspeito de desviar doações.