Foram encerrados nesta tarde os depoimentos das testemunhas durante o julgamento sobre o assassinato do menino Miguel dos Santos Rodrigues, aos sete anos. A mãe Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues e a então companheira dela, Bruna Nathiele Porto da Rosa, estão sendo submetidas a julgamento em Tramandaí, no Litoral Norte.
As primeiras testemunhas ouvidas foram as de acusação: o delegado Antônio Carlos Ractz, que conduziu as investigações, e os policiais militares Jeferson Segatto e Ícaro Ben-Hur dos Santos Pereira, que atenderam o caso na noite de 29 de julho de 2021.
Pelas defesas, foram ouvidas também três testemunhas, sendo as duas proprietárias das pousadas nas quais Miguel viveu com a mãe e a madrasta em Imbé, e um policial militar. Estavam previstas seis testemunhas para falarem pelas defesas, mas houve desistência e esse número foi reduzido.
A dona da primeira pousada na qual os três moraram, em Santa Terezinha, Imbé, Juraci Martins, foi a primeira a falar. Ela alegou ter visto o menino poucas vezes e que nunca presenciou maus-tratos. A idosa disse que em mais de uma vez insistiu com Yasmin para que deixasse a criança pegar sol, mas ela teria alegado que ele era asmático.
— Nunca vi nada. Ele nunca se queixou. A única vez em que entrei na casa dela foi naquele dia — disse a proprietária sobre o dia em que esteve no quarto da pousada para dar almoço ao menino porque ele estava sozinho.
Naquele dia, a idosa contou ter visto uma manchinha preta no rosto de Miguel e que ele relatou ter caído da cama. Juraci lembrou que o menino deixou a pousada sendo levado pela mão por Bruna.
Segundo ouvido pelas defesas, o policial militar Alisson Martins relatou ter ido até a pousada porque Yasmin entrou em contato com a Brigada Militar, alegando que o filho estava desaparecido. O PM disse que causou estranheza ao colega que atendeu a ligação a mãe estar aparentemente calma. Em seguida, uma guarnição de deslocou até o endereço.
O brigadiano relatou ter ido até a pousada e, como as duas não estavam no quarto, precisou acionar um chaveiro para ingressar no quarto. Dentro do imóvel, disse não ter presenciado nada de anormal, e, por isso, foi embora. A confissão de Yasmin sobre a morte do filho teria acontecido mais tarde, na mesma noite, a outra guarnição da BM.
A terceira ouvida pelas defesas foi a dona da segunda pousada, onde teria acontecido o crime, Kelly Hoffmann. A mulher contou que não sabia que Miguel era mantido na pousada que alugou, e que Yasmin teria dito que o quarto era somente pra ela e para Bruna.
— Ninguém conhecia Miguel. Foi uma surpresa para nós — disse.
A mulher afirmou ainda que causou estranhamento o fato de Yasmin alegar que o filho tinha sumido após sair para colocar o lixo na rua e que ela não teria procurado por ele ao longo de dois dias.
— Se o meu cachorro sumir, eu vou em todos os apartamentos — afirmou.
Sobre Bruna, a mulher alegou que ela teria apresentado comportamento diferente depois que o caso chegou até a polícia. Ao ser questionado pela defesa de Bruna se a postura da madrasta era de uma pessoa normal, Kelly respondeu:
— Nunca vi ela assim. (Ela era) normal, falava em videogame,t ecnologia. Convidou meu irmão para jogar videogame com ela — descreveu.