É crítico, porém estável, o quadro de saúde de Bruno Lima da Costa Soares, atingido por três tiros, na tarde de terça-feira (12), na rodoviária do Rio de Janeiro. Após ter sido socorrido e operado no Hospital Municipal Souza Aguiar, Bruno foi transferido para o Instituto Nacional de Cardiologia (INC), hospital de referência para cirurgias cardíacas de alta complexidade, em Laranjeiras, na Zona Sul.
De acordo com nota divulgada nesta quarta-feira (13) pelo INC, ainda não está definido se ele será submetido a mais uma cirurgia. Bruno teve o coração, pulmão e baço atingidos e precisou receber seis bolsas de sangue, segundo o secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, que fez um apelo para doação de sangue.
O Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) convocou a categoria para fazer doações. Bruno é funcionário da Petrobras. A Rodoviária do Rio e a Viação Sampaio, que teve o ônibus sequestrado, também mobilizaram funcionários e providenciaram transporte para a doação.
Recém-contratado
Bruno Lima foi contratado pela Petrobras em novembro de 2023, após ser aprovado em concurso para Técnico de Estabilidade — operação de lastro. Ele ainda passa por formação na Universidade Petrobras e voltava para Juiz de Fora, em Minas Gerais.
O presidente da estatal, Jean Paul Prates, escreveu no X (antigo Twitter), que uma equipe multidisciplinar da empresa, com médicos, assistente social e gerente da Universidade Petrobras, “vem prestando todo o suporte ao empregado e familiares”.
Rodoviária fechada
A concessionária que administra a rodoviária informou que a instalação teve o funcionamento interrompido por volta das 15h até as 19h30min. Todos os passageiros e pessoal de apoio tiveram que deixar a instalação por orientação da polícia, que fazia um cerco a Paulo Sérgio de Lima, que tentava fugir do Rio para Minas Gerais e mantinha 16 pessoas reféns, além de ter ferido duas, incluindo Bruno. A outra ferida não precisou ser internada.
A rodoviária é terminal para ônibus intermunicipais e interestaduais. A concessionária não precisou quantas partidas e passageiros foram afetados. Em dias como terça-feira, o número de passageiros fica entre 20 mil e 30 mil.
Durante a interrupção do funcionamento, ônibus que chegavam ao Rio fizeram desembarque no Terminal Intermodal Gentileza, vizinho à rodoviária e inaugurado recentemente pela prefeitura.
Os passageiros mantidos reféns e o motorista tiveram que prestar depoimentos na delegacia e, por volta das 21h40min, foram transportados por veículos da Viação Sampaio para Juiz de Fora. Cinco deles preferiram ficar no Rio de Janeiro.
Investigação
A Polícia Militar (PM) informou que Paulo Sérgio de Lima tentava fugir do Rio por causa de desavenças com comparsas de uma quadrilha. Durante o embarque para Juiz de Fora, ele confundiu um passageiro com um policial, fez disparos e sequestrou o veículo da Viação Sampaio. Bruno foi atingido fora do coletivo.
A Polícia Civil informou que ele foi preso em flagrante por tentativa de homicídio, cárcere privado e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Paulo Sérgio possui passagem policial por crime de roubo em 2019.
Depois da prisão de Paulo Sérgio, duas pessoas procuraram a delegacia para comunicar que tinham sido roubadas por ele no último domingo (10). Elas o reconheceram após imagens veiculadas pela imprensa. Um cordão que estava com ele foi devolvido à vítima.
A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap) informou que, por decisão judicial, Paulo Sérgio obteve progressão de regime para o aberto, com monitoração eletrônica, em 22 de fevereiro de 2022. Porém, deixou a tornozeleira descarregar em 6 de outubro de 2022, sem voltar a ativar o dispositivo. Além desse episódio, a Seap já havia comunicado à Justiça outras quatro violações cometidas por ele.
Detector de metais
A administração da rodoviária diz não ter poder de polícia e se limita a fazer segurança patrimonial, com vigilantes e mais de 50 câmeras de monitoramento. De acordo com a porta-voz da empresa, Beatriz Lima, a rodoviária já contou com portais de detectação de metal, que eram operados por policiais militares, mas o serviço foi interrompido por falta de efetivo da PM.
“Os portais passaram a não ter mais a presença do policial militar para revista, e a gente teve de retirar os portais. A gente tem de ter a presença 24 horas do efetivo da PM para realizar as revistas, ficar do lado e manipular esses portais”, explicou a gestão.
Em resposta, a Secretaria de Estado de Polícia Militar ressaltou que a rodoviária é uma área particular, gerida por um grupo privado. A corporação acrescenta que mantém uma base do Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (BPTur) no interior da rodoviária, além de realizar patrulhamento por meio de viaturas e motocicletas na área externa que dá acesso ao terminal.
A PM informou ainda que, “desde terça”, está em alinhamento com os gestores da rodoviária para ter acesso às imagens internas do terminal “que colaboram para o trabalho de videomonitoramento e reconhecimento facial, possibilitando o acionamento das equipes da Polícia Militar de maneira mais técnica e precisa.”