A Polícia Civil investiga a morte de um jovem de 22 anos com esquizofrenia, em Parobé, no Vale do Paranhana. Durante o atendimento de um chamado da família ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), acompanhado pela Brigada Militar (BM), ele foi atingido por um tiro no peito disparado por um policial militar. A BM também apura, internamente, a ocorrência.
O caso aconteceu no final da tarde de 16 de dezembro. Segundo a família, Arildo da Silva, de 22 anos, teve um surto nesse dia. Assustado com o estado em que filho se encontrava, o pai decidiu ligar para a BM. Imagens de uma câmera de segurança mostram uma viatura chegando ao endereço, e também uma ambulância do Samu. A família conta que Arildo se recusou a seguir para a ambulância.
No boletim da ocorrência registrado pelos PMs, consta que Arildo portava um facão e começou a bater no portão, que estava entreaberto. Nesse momento, os policiais narram que foi usada uma arma de choque, que não surtiu efeito. Segundo os PMs, Arildo ficou mais agressivo, arrancou a munição da arma de choque que o atingiu e foi em direção à viatura. Ainda segundo o boletim, outro PM disparou duas vezes com arma letal, uma pistola 9 milímetros. Um tiro acertou o tórax e outro a parede.
A família contesta a versão. Segundo o irmão de Arildo, um dos PMs entrou no pátio e, depois, na casa.
— Ele correu ligeiro aqui e atirou no peito do meu irmão, a sangue frio, e ele caiu — diz Alexandre Antônio da Silva, irmão de Arildo.
No atestado de óbito, a causa da morte foi descrita como hemorragia interna por ferimento de projétil de arma de fogo. A hora registrada no atestado é 17h50min, o que também é contestado pela família. Segundo eles, os policiais deixaram a casa às 18h30min.
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso. A BM informa que foi aberta uma sindicância interna, e que os policiais envolvidos na ocorrência foram encaminhados para acompanhamento psicológico. Eles seguem em serviço nas ruas. A investigação vai apurar se houve excesso no atendimento.
Corpo removido
A família também diz que os policiais removeram o corpo do local.
— Recolheram meu filho que nem recolheram um bicho, e eles naquele depoimento eles mentiram. Entraram na minha casa sem ordem sabendo que o 'piá' era doente — diz o pai, Anildo da Silva, 63 anos
Sobre a remoção do corpo, esclarece que os policiais, quando estão em dúvida sobre a gravidade do ferimento, prestam socorro e conduzem o ferido ao hospital.