A apreensão de 71 armas encontradas enterradas em uma propriedade rural de Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte, em agosto deste ano, deixou a Brigada Militar (BM) e a Polícia Civil em estado de alerta. A partir de uma apuração integrada, foram descobertos mais 15 locais que poderiam ser usados como depósitos por duas facções.
Com o levantamento de provas, a Justiça deferiu o cumprimento de 14 mandados de busca para esta quarta-feira (6). Uma das ordens judiciais foi concedida para dois imóveis que ficam na mesma área. Cerca de 130 agentes foram reunidos para tentar localizar drogas e armamentos em nove locais em Canoas, na Região Metropolitana.
No bairro Mathias Velho, em Canoas, um dos alvos da ofensiva possuía uma central de monitoramento com várias câmeras de segurança. Com a chegada dos policiais, o suspeito, ao observar pela central, fugiu em direção a uma área de banhado. Helicópteros dão suporte na procura ao criminoso. Outros mandados são cumpridos em ,São Leopoldo e Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, e em Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte.
A ação é coordenada pela titular da 3ª Delegacia de Canoas, delegada Luciane Bertoletti, e pelo comandante do 15º Batalhão da cidade, tenente-coronel André Stein. O objetivo é combater o tráfico de drogas, de armas e a associação criminosa. Até as 8h30min, havia três presos em flagrante e um foragido. Houve apreensão de vários materiais, principalmente drogas.
— Os crimes são praticados por duas organizações criminosas com atuação estadual, que formaram uma aliança para o cometimento de crimes e expansão dos seus negócios ilícitos, bem como para fazer frente a um terceiro grupo, que é rival aos outros dois — diz Stein.
Já a delegada Luciane, ressalta que todos os locais foram previamente monitorados e analisados, inclusive por meio de imagens aéreas. São imóveis utilizados para guardar as armas e as drogas, mas não em qualquer lugar. Segundo ela, há uma grande possibilidade destes materiais estarem enterrados ou em fundos falsos de paredes.
— Tem um caso ainda em que eles usam uma pequena empresa que fabrica móveis. Além da produção, eles colocam armamentos e entorpecentes em fundos falsos destes móveis para transporte e até mesmo para guardar por determinados períodos — ressalta a delegada.
Durante a investigação, a polícia descobriu também que estes integrantes das duas facções ostentavam nas redes sociais. Foram apreendidas diversas publicações deles portando pistolas, fuzis, bem como com porções de maconha e cocaína. Mas, de acordo com Luciane, imagens com dinheiro tinham a preferência das postagens.
Outro fato descoberto pela apuração em conjunto entre policiais civis e militares foi identificar os líderes das facções responsáveis por organizar o esquema. De acordo com Luciane, são pelo menos dois apenados que lideram este esquema criminoso. Um está detido no Presídio Central e outro na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).