Subiu para 14 o número de mortos durante a operação policial realizada no Guarujá, segundo informações divulgadas na terça-feira (1º) pelo governador Tarcísio Freitas. Ele avaliou, desde a divulgação das primeiras mortes, que não houve excesso da força policial na operação.
A Operação Escudo teve início após o assassinato do soldado da Rota Patrick Bastos Reis, no último dia 27. Segundo a SSP-SP, ele foi atingido quando fazia patrulhamento em uma comunidade. A pasta informou que ele foi atingido por um disparo de calibre 9 milímetros.
Apesar de alegações de que a ação acontece para inibir o tráfico de drogas e trazer segurança à população, o clima é de tensão e medo na região em meio à operação que a Polícia Militar realiza na cidade do litoral paulista. Moradores relatam tiroteios, temor de sair de casa à noite e comércios vazios.
A Ouvidora da Polícia de São Paulo afirma ter recebido relatos de uma atuação violenta em Guarujá por parte das forças de segurança e de ameaças constantes à população das comunidades da cidade.
“Diversos órgãos de Direitos Humanos e movimentos sociais vêm relatando série de possíveis violações de direitos na região, à margem da legalidade, com indicativos de execução, tortura e outros ilícitos nas ações policiais na região, por ocasião da referida operação. A morte violenta do soldado PM e dos civis são inaceitáveis. Nada, nem nenhuma assimetria se justifica quando se clama por justiça e segurança para todos”, disse, em nota, o ouvidor da Polícia Claudio Silva na segunda-feira (31).
Douglas Belchior, integrante da União de Núcleos de Educação Popular para Negras/os e Classe Trabalhadora (Uneafro), afirmou, também na segunda, que relatos dos moradores da região apontaram a ocorrência de violações.
— Eu tive acesso a fotografias de vítimas desta ação desta semana cujos corpos estão marcados com queimaduras de cigarro. Então há sim evidências de torturas — contou Belchior.
Integrante da Rede de Proteção Contra o Genocídio, Marisa Fefferman está no Guarujá (SP) para um ato, na tarde desta quarta-feira, em repúdio às mortes cometidas pelas forças do estado e disse que o clima é de terror. Segundo ela, os policiais estão entrando nas casas e todo o território está se sentindo ameaçado.
— Eles (moradores) estão falando que é um clima de terror total, de tensão total, as pessoas estão morrendo de medo. As pessoas estão com muito medo de ir para o ato porque é pressão o tempo inteiro, escolas fechando, igrejas fechando, está uma tensão imensa. Estão em pleno terror, é isso que eles estão dizendo — disse.
Prisão
O último suspeito de envolvimento na morte do policial das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) foi preso na madrugada desta quarta-feira (2), em Santos. Ele é irmão do homem apontado como autor do disparo que matou o policial, detido no domingo (30).
De acordo com a SSP, o suspeito se entregou para os agentes da Corregedoria da Polícia Militar (PM). Como havia um mandado de prisão em aberto contra ele, o homem foi detido após prestar depoimento.
Além dos irmãos, a polícia prendeu outro suspeito na sexta-feira (28) por participação no crime. No mesmo dia, um homem que também teria participado do assassinato do policial foi morto pela PM.