Duas pessoas foram mortas e seis ficaram feridas na pista de skate da orla do Guaíba, na madrugada deste sábado (10). Reinaugurado em 2021 após reforma, o ambiente costuma ser ocupado por atletas até durante a madrugada, mas há queixas sobre a falta de segurança, as aglomerações e as confusões no local. As vítimas fatais são William Silva de Paula, 21 anos, e Vinícius Luís Silva da Silva, 20.
Nesta manhã, após o crime, GZH circulou pelo local para conversar com os praticantes. Apesar das marcas do duplo homicídio que aconteceu na madrugada - como fitas de isolamento e círculos no chão onde ficou cada cápsula - a pista estava lotada de praticantes, desde os adultos até crianças realizando aulas.
O supervisor de manutenção Edson Pereira Nogueira, 45 anos, conta que gostava de ir para o local com os filhos de nove e 13 anos no final da madrugada, pelas 5h30.
— A gente vinha cedinho porque a pista estava mais liberada. Só que hoje não acontece mais, a galera faz festa em cima da pista e a gente não consegue andar. A gente tem medo, bastante receio de não poder usar mais — reclamou o skatista que passou evitar o horário por causa dos filhos.
Outro antigo frequentador da madrugada é o motorista de aplicativo Rodrigo Prates, de 47 anos. Nos últimos tempos, ele só usa a pista a partir do amanhecer.
— Vai ficando cada vez mais perigoso, uma terra sem lei. Já teve um esfaqueamento e agora um tiroteio — comenta.
Como o crime aconteceu
A ocorrência policial foi registrada por volta das 4h, quando a pista estava ocupada por frequentadores que passaram a noite bebendo no local. Segundo a Polícia Civil, pelo menos dois homens chegaram de moto e se aproximaram das vítimas. Depois de uma conversa, abriram fogo e mataram dois jovens, de 20 e 21 anos. Outras cinco pessoas, sem envolvimento, foram atingidas e socorridas sem gravidade. Três receberam alta ainda nesta manhã e outros dois seguem internados.
— A equipe de investigação está fazendo a análise de algumas imagens. Percebemos um grupo de pessoas reunidas. Em determinado momento, começa uma discussão entre eles. Então, a gente está analisando ainda para ter a certeza se tivemos um ou dois atiradores — disse o delegado Tiago Carrijo.
O comandante do 1º Batalhão de Polícia Militar, responsável pela área, afirma que uma viatura estava próxima ao local e foi acionada por outros frequentadores. Quando os policiais chegaram, as vítimas já estavam feridas. Um dos homens que morreu estava com um revólver na mão, mas a informação inicial é de que ele não chegou a realizar disparos.
— Pelas imagens iniciais observa-se que os atiradores se conheciam e se aproximam do grupo, conversam até instantes antes de começar o tiroteio. Quando eles estão dessa forma, ou até sob influência de alguma substância, cometem crimes até próximos da Brigada Militar — relatou o Major Márcio Luiz da Costa Limeira, que promete ampliar o policiamento no local a partir deste sábado.
A Guarda Municipal afirma que mantém a orla monitorada 24 horas, por meio de câmeras e do efetivo. Segundo o comandante Marcelo Nascimento, cerca de uma hora antes da ocorrência, havia uma operação integrada naquele ponto. No entanto, o efetivo estava na Cidade Baixa quando o tiroteio aconteceu.
— Quando chegou ao nosso conhecimento a ocorrência, deslocamos as viaturas para lá. No final de semana temos que cuidar da Orla, Cidade Baixa, Moinhos de Vento e 4º Distrito — comentou o comandante da Guarda.
A Polícia Civil investiga o caso e tenta identificar os atiradores. A identidade das vítimas não foi divulgada.