O corpo encontrado dentro de uma sacola, no último sábado (24), na zona sul de Porto Alegre, ainda não foi identificado pelas autoridades. Naquela noite, o corpo esquartejado de um homem foi localizado perto de uma região erma, no bairro Cascata. A Polícia Civil acredita que o caso pode ter ligação com desavenças entre grupos criminosos que atuam no tráfico de drogas no Estado. Uma motivação mais específica ainda depende da identificação do homem e de mais diligências, afirmam as equipes. O caso é investigado pela 1ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil.
Conforme a delegada Clarissa Demartini, sabe-se que a vítima é um homem, mas é preciso aguardar o trabalho da perícia para determinar sua identidade. Ela afirma que as equipes recolheram imagens de câmeras de segurança da região, que são analisadas. O conteúdo do material não foi divulgado. Outras diligências também são feitas pelos policiais.
— As informações ainda estão sendo mantidas em sigilo por conta da investigação, para não comprometer o trabalho. Ainda precisamos da identificação do homem para auxiliar na apuração, além da coleta de prova testemunhal de familiares, quando conseguirmos — informou a responsável pela investigação.
O cadáver foi encontrado por volta das 20h30min de sábado, por uma pessoa que passava pela Estrada dos Barcellos, no Cascata. Em uma sacola plástica, o pedestre localizou braços e pernas da vítima em via pública e acionou a Brigada Militar. Equipes da Civil e da perícia também foram chamados e atuaram no local. Segundo Clarissa, demais partes do corpo não foram encontradas até o momento.
Demonstração de poder
A principal linha de investigação da polícia, até o momento, é que a ação esteja relacionada com uma desavença entre facções.
Um dos indícios que levam a isso é o fato de o corpo ter sido encontrado em região dominada por uma facção que atua no tráfico e se originou na Vila Cruzeiro, na Zona Sul. Segundo o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Mario Souza, há "grande possibilidade" de que o homem morto seja um criminoso faccionado.
Uma das hipóteses é que o assassinato tenha ocorrido como provocação por parte de outro grupo criminosos:
— Em geral, um ato de esquartejamento está ligado a uma demonstração de poder entre os grupos. Há vários elementos que indicam que a ação foi realizada pelo crime organizado, como a região onde o corpo foi deixado, uma espécie de matagal, um terreno ermo, o modus operandi e as características do caso.
O diretor afirma que a investigação está bastante adiantada, mas que mais informações só serão divulgadas quando o caso for esclarecido e os envolvidos presos, para preservar o trabalho das equipes.
— É preferível que a investigação leve mais tempo para ser concluída, mas que, quando for, indique todos os responsáveis pelo crime. Não somente os executores, mas também quem ordenou a morte. Além de esclarecer o caso, nosso objetivo é sempre causar o maior prejuízo possível ao crime organizado, seja financeiro, seja desarticulando o grupo criminoso — complementa Souza.
Irmãos foram mortos no mesmo bairro
Há pouco mais de dois meses, outro caso no mesmo bairro gerou comoção em Porto Alegre. Na noite de 19 de abril, dois irmãos adolescentes foram atingidos por criminosos que, a bordo de um carro, passaram pela Rua dos Canudos efetuando disparos. João Francisco Maciel dos Santos, 14 anos, e a irmã, Marina Maciel dos Santos, 16, que haviam saído de casa para comprar refrigerante em um mercado próximo, e morreram.
A investigação desse caso segue em andamento, também a cargo da delegada Clarissa. Até o momento, a polícia não divulgou maiores detalhes da investigação, mas adiantou que os irmãos não tinham envolvimento com o crime, sendo alvejados acidentalmente. Ninguém foi preso.
A policial afirma também que não é possível indicar se os dois crimes teriam ligação.
— É muito cedo para afirmar qualquer coisa nesse sentido, porque ainda não temos a identificação da vítima que foi esquartejada, para indicar a motivação e fazer relação entre os casos.
Conforme a polícia, as equipes trabalham para concluir o inquérito que trata da morte dos adolescentes em julho.