Poucas horas antes de ser morto em um ataque a uma creche de Blumenau, em Santa Catarina, Bernardo Cunha Machado, cinco anos, havia chegado ao local brincando, acompanhado do pai, Bruno Bride, e de um coleguinha. Os três imitavam os pulos de um coelho ao entrar na escola infantil Cantinho Bom Pastor, em alusão à Páscoa, celebrada no próximo domingo (9). A ação, na manhã desta quarta-feira (5), também deixou outras três crianças mortas. O autor do crime, um homem de 25 anos, foi preso logo após o episódio.
Em um relato emocionado, Bride lembrou o último momento ao lado do filho.
— Hoje a gente chegou na creche imitando um coelhinho, a gente veio pulando de coelhinho — disse a jornalistas, em vídeo divulgado pelos portais g1 SC e NSC.
O homem afirmou que agradece pelos momentos que viveu com o garoto e pede forças para encarar a perda:
— Eu vou honrar a memória do meu filho todos os dias. Agradeço a Deus por todos os momento que vivi com meu filho. A partir de hoje, a memória dele vai ser honrada no meu coração. Peço que Deus conforte o coração de cada um aqui, porque só quem já sentiu o drama na pele sabe. Posso falar qualquer coisa que não vai amenizar a dor de ninguém.
Bride comentou também o sentimento em relação ao autor do crime, que foi preso logo após o episódio.
— Algumas pessoas estão desejando muito mal para quem atacou nossos filhos, não julgo elas. Mas eu, no meu sentimento, como cristão, como militar, não posso me permitir. Nos valores que Cristo me ensinou, eu perdoo a vida dessa pessoa. Não conheço, nunca vi, não sei quem é. Peço que Deus conforte o meu coração para lidar com essa situação — disse.
Além de Bernardo, morreram Enzo Marchesin Barbosa, quatro anos, Larissa Maia Toldo, sete, e Bernardo Pabest da Cunha, quatro. Outras crianças ficaram feridas e foram encaminhadas para atendimento médico nos hospitais Santo Antônio e Santa Isabel. Conforme a prefeitura de Blumenau, elas têm quadro estável, já estão na sala de recuperção e devem ser liberadas nas próximas 24 horas. Uma delas tinha o quadro mais grave, em razão de um golpe desferido no pescoço, que causou ferimento profundo.
Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, a Polícia Civil afirmou que o caso ocorreu de forma isolada e que não procede a informação de que mais agressores estão organizando novos ataques em escolas, contrariando boatos propagados em redes sociais ao longo da manhã.
O homem preso deve responder por quatro homicídios triplamente qualificados e outras quatro tentativas de homicídio.
Esclarecimento sobre a cobertura
GZH decidiu não publicar o nome, foto e detalhes pessoais do assassino de Blumenau. As pesquisas mais recentes sobre massacres deste tipo mostram que a visibilidade pública obtida pela cobertura da mídia pode funcionar como um troféu pelos autores, e estimular outros a cometer atos similares. A linha editorial dos veículos da RBS em outros casos recentes já vinha sendo a de não retratar estes criminosos em detalhes, noticiando apenas o nome e informações resumidas sobre eles. Ao restringir ainda mais esta exposição, medida também tomada por outros veículos de jornalismo profissional, buscamos colaborar para que os assassinos não inspirem novos atos de violência extrema como o desta quarta-feira (5).