
A Justiça decretou nesta terça-feira (28) a prisão preventiva de dois policiais militares suspeitos de pôr fogo em um homem após abordagem policial no início de fevereiro, na Vila Anair, em Cachoeirinha. A vítima, Juliano Maximiliano Fialho, 37 anos, morreu no Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre sete dias depois.
Um dos policiais já estava preso temporariamente. O outro estava solto, e se apresentou à polícia na segunda-feira (27). Ambos pertencem ao 26º Batalhão de Polícia Militar, e agora ficam detidos sem tempo pré-definido.
A juíza Camila Oliveira Maciel Martins, que atua no caso, junto à 1ª Vara Criminal de Cachoeirinha, justificou a prisão pelos indícios suficientes de autoria do crime de homicídio qualificado, e tendo em vista, ainda, que os policiais envolvidos conhecem os moradores da região em que ocorreram os fatos.
A magistrada afirmou na decisão que a Brigada Militar é uma instituição de respeitabilidade, com atuação relevantíssima para a sociedade, e que essas situações não refletem a honradez dos seus integrantes.
"A Polícia Militar, um dos órgãos responsáveis pela segurança pública, não pode ter agentes envolvidos em fatos desta natureza, sob pena de inversão de papéis e intensificação da sensação de impunidade", destacou.
A investigação está sob responsabilidade da segunda delegacia de Cachoeirinha. Conforme o delegado André Anicet, ainda estão sendo ouvidas testemunhas. Outros dois policiais militares também são investigados, mas seguem em liberdade.
Crime
O crime aconteceu no começo da noite de 3 de fevereiro, no bairro Anair. De acordo com a investigação, quatro PMs estiveram no local, mas apenas dois teriam entrado na residência de Juliano e tiveram contato com ele momentos antes da vítima sair do local com o corpo em chamas e pedindo por socorro. Familiares relataram que, anteriormente, ele já teria sofrido ameaças de morte por parte de policiais.
A suspeita é de que teria sido utilizado perfume para causar as queimaduras em Juliano. Testemunhas que prestaram socorro ao homem relataram ter sentido um forte cheiro de perfume, levando a crer que os autores do crime o cobriram da substância inflamável antes de colocar fogo nele.
A vítima foi conduzida por populares até a UPA em estado grave de saúde, vindo a falecer no dia 10 de fevereiro, no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre.